Gaza: Fechou o único hospital que ainda funcionava em Rafah
2 de junho de 2024O gabinete da organização para a Palestina confirmou, numa mensagem na rede social X, a cessação em 30 de maio da atividade da maternidade dos Emirados, a única unidade hospitalar que ficou em funcionamento após o encerramento, forçado pelos bombardeamentos de Israel, dos hospitais do Kuwait e de Al Najar.
"Dois hospitais de campanha estão operacionais na área costeira de Rafah (Al Mawasi), mas estão extremamente sobrecarregados, dada a escala das necessidades", acrescentou a mesma fonte.
Desde que Israel iniciou a sua operação militar em Rafah, permanece fechada a passagem fronteiriça para o Egito, por onde passava grande parte da ajuda humanitária para o enclave, enquanto pela passagem de Kerem Shalom, que liga Gaza a Israel, também a sul, passa apenas esporadicamente alguma ajuda.
A proximidade dos combates e a escassez de suprimentos forçou o encerramento de vários hospitais e clínicas nas últimas semanas, de acordo com organizações como a OMS e os Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Em Rafah, quase um milhão e meio de pessoas, na sua maioria deslocadas de outras partes da Faixa de Gaza, ficaram amontoadas após o início da guerra no enclave, embora nas últimas semanas mais de um milhão tenham sido forçadas a fugir face à expansão dos ataques israelitas.
Ao mesmo tempo que o escritório da OMS na Palestina confirmou o encerramento do hospital dos Emirados, o organismo militar israelita que gere os assuntos civis nos territórios palestinianos ocupados anunciou a abertura de uma maternidade na cidade de Deir al Balah, no centro de Gaza.
Em Genebra, no seu último dia de assembleia anual e após jornadas de intenso debate, a OMS aprovou hoje uma resolução que condena os ataques israelitas contra unidades de saúde na Faixa de Gaza, embora Israel tenha conseguido incluir no mesmo texto um artigo que também denuncia "o uso de hospitais e instalações sanitárias por grupos armados".
O texto sobre Gaza, apresentado por iniciativa do grupo de países árabes, condena "os ataques indiscriminados, pela potência ocupante, de instalações médicas e humanitárias utilizadas exclusivamente com propósitos humanitários, assim como por pessoal médico, em violação do direito internacional".
A pedido de Israel, foi incluída uma exigência da libertação dos reféns ainda cativos em Gaza e a condenação do mencionado uso por grupos armados - em alusão ao Hamas - de unidades de saúde em Gaza, argumento que o exército israelita usou nos últimos meses para atacar hospitais no enclave.
O texto inicial não continha artigos condenatórios, mas após Israel conseguir que a sua emenda fosse aprovada, os países árabes, que em protesto estavam prestes a retirar a resolução, finalmente apresentaram uma nova emenda com denúncias dos abusos israelitas sobre o sistema de saúde palestiniano.
Esta última emenda foi aprovada neste sábado (01.06) com 102 votos a favor (dos 196 membros da OMS) e seis contra (Israel, Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, República Checa e Hungria).
O texto solicita, por outro lado, à OMS que investigue os efeitos do conflito na desnutrição da população de Gaza como resultado de fome deliberada alegadamente causada por Israel.
Além disso, solicita que a agência de saúde da ONU celebre uma conferência de doadores, no prazo de 12 meses, para financiar as necessidades imediatas da Palestina em matéria de saúde, assim como a reabilitação e reconstrução do seu sistema de saúde.
Um ataque do grupo islamita Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel, desencadeou uma ofensiva israelita em larga escala na Faixa de Gaza, que provocou já mais de 36.300 mortos, segundo as autoridades de saúde do governo do Hamas.