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G5 Sahel quer criar força transnacional contra o terrorismo

Daniel Pelz | Lusa | AP
8 de fevereiro de 2017

Reunidos em Bamako, a capital do Mali, os Presidentes do Burkina Faso, Mali, Mauritânia, Níger e Chade, concordaram em unir-se para travar ataques do Boko Haram e de outros grupos terroristas.

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Niger Französische Anit-Terror-Mission
Foto: Getty Images/AFP/P. Guyot

O projeto e criação da força conjunta, do grupo conhecido como G5 Sahel, precisa ainda de aprovação da União Africana e do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A estrutura e o efetivo da força conjunta ainda não foram detalhados. 

Mas, de acordo com o documento divulgado após o encontro dos presidentes do G5 Sahel (06.02), a força de segurança do Liptako-Gurma, região que abrange o Níger, Burkina Faso e Mali e criada pelos três países a 24 de janeiro, será "uma componente" da futura força conjunta.

O Presidente do Chade, Idriss Deby Itno, defende que o estabelecimento desta força vai permitir que os países do Sahel definam seus próprios problemas de segurança. "O que queremos é que os países europeus nos dêem os meios", afirmou à imprensa Idriss Deby Itno. "Não pedimos aos nossos parceiros europeus para enviar seus soldados. Nós mesmos estamos preparados, com os nossos soldados, para trazer a paz e a estabilidade na nossa região", acrescentou o Presidente chadiano. 

Tschad Fahne Soldaten Kampf gegen Boko Haram Nigeria
Tropas chadianas no combate ao Boko Haram, na NigériaFoto: Reuters/Emmanuel Braun

"A ameaça [terrorista] está a assumir novas proporções", alertou Idriss Deby Itno. Se não se agir depressa, a área comum aos países da região do Sahel tornar-se-á permanentemente um espaço terrorista, anunciou o Presidente do Chade.

O dirigente se referiu a uma eventual redução das tropas da força francesa Barkhan, destacada na região, e dos efetivos europeus da força da ONU no Mali, a MINUSMA, com 1200 efetivos - que se tornou a operação mais perigosa da ONU nas últimas duas décadas, com 70 mortes registadas.

O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar, ressaltou que os países precisam reunir esforços para enfrentar o terrorismo e ir mais longe para melhorar o sistema de defesa na região do Sahel. Por sua vez, o presidente do Níger, Mahamadu Issufu, destacou que o G5 estará "na linha de frente no combate ao terrorismo".

Cenário problemático no Sahel

Ataques do Boko Haram já forçaram dois milhões de pessoas a deixar suas casas, desde o início da insurgência em 2009. Em entrevista à DW, o coordenador regional humanitário da ONU para o Sahel, Toby Lanzer, demonstrou preocupação com o atual cenário. 

"É uma crise muito grave. Os números são assustadores: 10 milhões de civis precisam de ajuda, sete milhões estão famintos e há 515 mil crianças gravemente desnutridas. Nenhum governo pode enfrentar esse problema sozinho. A solidariedade da comunidade internacional é necessária num período de fortes pressões em todo o globo. A resposta está a ser inadequada no momento", detalhou Lanzer.

08.02.17 G5 Sahel - MP3-Mono

Como se não bastasse, a capacidade de ação dos países da região é restrita. "Há limites para o que um país pobre pode fazer. Na Nigéria, a produção de petróleo está baixa. Então, é um período difícil para a Nigéria fazer tudo o que deveria fazer pelos civis. Os países da região estão a fazer o que podem para receber o apoio da comunidade internacional nesse período de crise severa", acrescentou o coordenador regional humanitário da ONU para o Sahel.

Em 24 de fevereiro, terá lugar em Oslo, na Noruega, uma conferência de doadores organizada pela Noruega, Alemanha e Nigéria para reunir fundos destinados a ajudar as vítimas do grupo radical nigeriano Boko Haram. "Esses e outros países vão se juntar para atender às necessidades da população e ajudá-la a sobreviver à violência do Boko Haram, [problema] que se junta à pobreza crônica, mudanças climáticas e outros desafios", afirmou Toby Lanzer.

A cimeira dos cinco chefes de Estado decorreu menos de três semanas depois de um atentado suicida, em 18 de janeiro, que deixou 80 mortos em Gao, no norte do Mali. O ataque foi reivindicado pelo grupo Al-Murabitun, ligado à Al-Qaida no Magreb Islâmico.

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