Fronteira angolana com RDC é reaberta após um ano
31 de março de 2018A fronteira entre a Lunda Norte, no leste angolano, e a República Democrática do Congo foi reaberta este sábado (31.03), um ano depois de os ataques das milícias congolesas de Kamwina Nsapu terem travado o movimento entre as duas regiões.
A cerimónia oficial de reabertura das fronteiras entre a Lunda Norte e a região congolesa de Kasai decorreu no posto de Tchissanda na presença de governantes dos dois países.
Pelas fronteiras, passaram mais de 30.000 refugiados congoleses à procura de proteção no leste de Angola. A ação das milícias de Kamwina Nsapu fez milhares de mortos e provocou o deslocamento de mais de um milhão de pessoas na RDC.
Desde que o conflito eclodiu, em março de 2017, forças de segurança angolanas sofreram nove ataques na fronteira, informou à agência Lusa o superintendente-chefe Inácio Feliciano, comandante da sétima unidade da Polícia de Guarda Fronteiras (PGF) de Angola.
Num desses ataques, um agente do Serviço de Migração e Estrangeiros angolano foi decapitado pelas milícias no posto de fronteira de Itanda, na Lunda Norte.
Elementos das próprias forças de segurança congolesas abandonaram os postos por receio das milícias armadas com paus, catanas e armas de fogo.
Retomada da segurança
A justificativa das autoridades para a reabertura das fronteiras é o retorno da segurança e controlo do Governo àquela região. "Tivemos incursões das milícias e soubemos como gerir essas situações", afirma Inácio Feliciano.
"Nas nossas fronteiras, só registamos duas áreas que ainda estão ocupadas pelas milícias Kamwina Nsapu, mas as forças do Governo congolês estão a fazer a limpeza nas zonas deles e não temos mais motivos de queixa", acrescentou o superintendente-chefe.
Apenas no posto fronteiriço de Tchissanda, a Administração Geral Tributária de Angola estima que sejam geradas receitas fiscais de 30 milhões de kwanzas (115 mil euros) mensais, com o movimento de 300 toneladas de mercadorias.
"Quando as forças restabeleceram a reposição do Estado, então nós vamos verificar a segurança entre os postos de guarda fronteira. Mas, necessariamente, requer ainda cuidado para abrir a fronteira, porque na troca entre a população angolana e congolesa ainda pode acontecer qualquer coisa", pondera Inácio Feliciano.