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FLEC insiste num novo diálogo com Luanda

António Rocha7 de outubro de 2014

O movimento separatista FLEC, cuja direção está exilada em Paris, pede mais atenção à comunidade internacional para a questão de Cabinda e defende um novo diálogo com as autoridades angolanas, apesar da cisão da fação.

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Jean-Claude Nzita, porta-voz da Frente para a Libertação do Enclave de CabindaFoto: DW/J.-C. Nzita

A Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda e a Frente Armada de Cabinda (FLEC/FAC) estiveram reunidas na semana passada, em Paris, com o objetivo de discutir a reorganização do movimento.

No encontro realizado na capital francesa, onde está exilado o líder, Nzita Tiago, os participantes insistiram num apelo ao diálogo com as autoridades de Luanda.

"Queremos sentar-nos à mesa com o Governo para podermos dialogar sem obstáculos e tentarmos solucionar o problema de Cabinda," diz Jean-Claude Nzita, porta-voz do movimento separatista FLEC/FAC.

Nzita Tiago
Nzita Tiago, líder da FLEC, está exilado em ParisFoto: Jean Claude Nzita

Movimento dividido

A Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda está cindida em várias fações, todas com o mesmo intuito: a independência da província de Cabinda, limitada a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico.

"Todos os ativistas lutam pela independência de Cabinda. Não há diferenças. Por outro lado, quem contesta a direção de Nzita Tiago, ao mesmo tempo contesta a vontade do povo de Cabinda que luta pela sua autonomia e pela identidade que foi usurpada pelos angolanos", defende Jean-Claude, acrescentando que "somos todos FLEC porque é a identidade de todos os cabinda que está em perigo".

Para a FLEC/FAC, as autoridades angolanas querem fazer desaparecer o movimento separatista, principalmente depois da sociedade civil de Cabinda ter ficado dececionada com a atuação do negociador Bento Bembe, que Luanda conseguiu desmobilizar e colocar do seu lado.

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Por outro lado, o porta-voz da FLEC/FAC lamenta que a comunidade internacional não tenha dado a devida atenção à questão.

"Onde está a comunidade internacional quando se sabe que o nosso povo é perseguido, torturado e até morto pelas forças de segurança angolanas?", questiona.

Apelo internacional

"Pedimos à comunidade internacional para intervir porque Luanda continua a negar a existência de uma guerra em Cabinda. O povo cabinda vive na maior insegurança e é vítima quotidianamente de perseguições e maus tratos. Angola acredita que ganhou a guerra. Talvez ganhe a batalha, mas nunca sairá vitoriosa da guerra em Cabinda," assevera o porta-voz.

Jean-Claude Nzita lança ainda um apelo concreto ao senador democrata norte-americano Russ Feingold, enviado especial do Presidente Barack Obama para a região dos Grandes Lagos, e que antes se ocupou do "dossiê" Cabinda.

Karte Angola und Cabinda
Cabinda é uma das províncias angolanas mais ricas em recursos naturais, sobretudo petróleo

"Aproveito para apelar ao senador Russ Feingold que se interesse mais sobre a questão de Cabinda porque a situação é extremamente preocupante e a população está indefesa," alerta.

O porta-voz do movimento endereçou ainda outro pedido aos operadores económicos presentes em Cabinda para que convençam o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, sobre a importância do diálogo com os cabinda, única forma para se chegar a uma solução para o problema.