FAO: Angola regista queda na produção agrícola
15 de outubro de 2018O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sobre o estado mundial da agricultura e alimentação divulgado nesta segunda-feira (15.10), em Roma, destaca a queda da produção agrícola em Angola, país onde 54% da população vive em zonas rurais.
O último levantamento da FAO mostra que a produção total de cereais em 2016, em Angola, foi de 1,6 milhões de toneladas. Porém, vários observadores entendem que ainda é cedo para avaliar as novas medidas do Presidente, João Lourenço, para aumentar a produção.
UE apoia com 3,5 mil milhões de euros
No início deste mês de outubro, foi lançado um novo programa de Segurança Alimentar (FREZAN) financiado pela União Europeia. No total, serão 3,5 mil milhões de euros investidos até 2020.
O embaixador de Angola na FAO, Florêncio de Almeida, afirma que investimentos estrangeiros são bem-vindos para o desenvolvimento da agricultura em Angola.
"A diversificação da economia tem como base fundamentalmente a agricultura porque precisamos trabalhar para garantir a auto-suficiência alimentar para não só satisfazer as necessidades internas do país, bem como exportar o excedente para que o país possa arrecadar divisas", sublinha o embaixador.
Mais investimento para jovens agricultores
Uma boa notícia é que o número de jovens que vivem em zonas agrícolas em Angola cresceu nos últimos 20 anos. As estatísticas mostram que existem 57 jovens para cada mil hectares de terras cultiváveis no país. É, por isso, fundamental, que o investimento do Governo chegue até essas regiões e sejam criadas oportunidades para os jovens, diz o embaixador Florêncio de Almeida.
"Vamos definir políticas para que possamos pôr os jovens no campo, garantir projetos integrados de desenvolvimento rural que permitam que eles possam fixar-se nas zonas de origem", afirma.
A FAO e Angola têm uma aliança estratégica até 2020 para aumentar a capacidade de pequenos agricultores e pescadores na adaptação ao impacto das mudanças climáticas.
O Mecanismo da Sociedade Civil, organismo independente que atua junto da FAO, também publicou um relatório em que afirma que o direito à alimentação é o direito humano mais violado globalmente nos últimos 14 anos. Joana Rocha integra a organização e destaca a atuação dos países africanos de língua portuguesa na luta contra a fome.
"No caso de Angola, concretamente, estamos bastante otimistas com a possível constituição, muito proximamente, de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, no qual a sociedade civil tem voz", disse à DW África Joana Rocha.
Integrar migrantes
O trabalho dos migrantes rurais é fundamental para o equilíbrio da agricultura mundial, conclui o novo relatório da FAO sobre o Estado Mundial da Produção Agrícola. O número de pessoas que migraram internamente chega a mil milhões.
A FAO insta, portanto, os governos a criarem políticas de integração e investimentos locais para que a migração seja uma escolha, não uma obrigação. O documento indica ainda que em África os deslocamentos internos provocados por conflitos e adversidades climáticas aumentaram consideravelmente.