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Falta de meios "trava" congresso do PAIGC na Guiné-Bissau

Darame, Braima23 de agosto de 2013

Desde março que o maior partido da Guiné-Bissau tem vindo a anunciar a sua intenção de eleger os novos corpos diretivos antes do próximo embate eleitoral, em novembro. O Congresso do PAIGC ainda não tem data marcada.

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A falta de meios financeiros e técnicos está a dificultar a organização do oitavo congresso ordinário do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Segundo analistas guineenses, dois dos seis candidatos estão bem colocados para assumir a presidência do PAIGC. Trata-se do conhecido empresário Braima Camará da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau e Domingos Simões Pereira, antigo secretario executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Críticas à "Inoperância" do PAIGC

Em declarações à DW África, os dois candidatos não escondem um certo descontentamento perante a "inoperância" do partido na ausência de Carlos Gomes Júnior, o antigo primeiro-ministro deposto no golpe militar do ano passado, agora exilado em Portugal.

"A situação é extremamente grave, até para o próprio país, porque quando se fala no PAIGC fala-se principalmente na Guiné-Bissau", afirma Braima Camara, que acusa diretamente a atual direção de pretender pôr em causa os supremos interesses do partido.

Para Braima Camara, o atraso na realização do congresso do maior partido da Guiné-Bissau é "uma estratégia premeditada" que "põe em causa os interesses do PAIGC".

Luta renhida pela liderança

Até à presente data, o presidente em exercício é Carlos Gomes Júnior. Apesar de ainda não haver uma data marcada para o congresso, vários dirigentes estão numa luta acesa para ocupar a liderança do partido, ao ponto de se discutir se o próximo presidente do PASGC será automaticamente candidato às próximas eleições presidenciais. A ideia, que tem gerado muita polémica, é lançada pelos veteranos do partido, algo que contraria o que tem acontecido até agora.

Já Domingos Simões Pereira entende que o PAIGC esteja em condições de, até à segunda semana de setembro, organizar o seu congresso sob pena de continuar a condicionar a realização das eleições gerais no país. "Fala-se em atrasos na compilação dos documentos, também se fala em dificuldades financeiras. Nós compreendemos tudo isso, mas também dizemos que é urgente o PAIGC fazer jus ao seu estatuto de partido histórico, de partido da governação e com grandes responsabilidades no país", frisou.

Observadores notam que a próxima semana pode ser decisiva para o partido, uma vez que o Comité Central do PAIGC deverá reunir-se para marcar uma data definitiva, tendo em conta que as eleições estão à porta.

Nova lei do recenseamento

Na quinta-feira (22.08), a Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau esteve reunido em sessão extraordinária, tendo aprovado por unanimidade a alteração pontual à lei do recenseamento eleitoral.

O porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, aproveitou a sessão no Parlamento para alertar a comunidade internacional para a falta de dinheiro para a realização do pleito eleitoral. "A lei já foi aprovada e está em curso a angariação de fundos para o recenseamento. Assim que houver condições financeiras para anunciar a data, iremos fazê-lo", assegurou.

Com a nova lei já aprovada, o recenseamento será feito manualmente e o cartão de eleitor passará a incluir uma fotografia do titular, para além do local de nascimento e da profissão. Esses dados foram considerados importantes para reforçar a segurança do documento.