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Falta de expositores adia maior feira de Angola para 2017

Lusa | ar
4 de novembro de 2016

A edição de 2016 da Feira Internacional de Luanda (FILDA), a maior feira multissetorial de Angola, prevista para julho e adiada para novembro devido à crise, não se vai realizar face à reduzida inscrição de expositores.

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Industriemesse FILDA Luanda
Foto ilustrativa: Cartaz de promoção da FILDA - 2014Foto: Pedro Borralho Ndomba

De acordo com um comunicado assinado pelo presidente do conselho de administração da Feira Internacional de Luanda (FIL), José de Matos Cardoso, enviado aos expositores e ao qual a agência Lusa teve esta sexta-feira (04.11.) acesso, a 33.ª edição da feira foi oficialmente adiada, ficando agora prevista para 18 a 23 de julho de 2017.

"Havendo necessidade de se manter os níveis de organização e a qualidade da FILDA 2016, por razões técnicas que se consubstanciam na dificuldade de importação de materiais e equipamentos para a montagem da feira e outros dos interesse dos expositores, adia-se a realização da 33.ª edição da FILDA", lê-se no comunicado.

A informação oficial da FIL (empresa privada com capitais públicos angolanos que organiza as várias feiras em Luanda) refere que a 30 dias da sua realização, prevista para 17 a 20 de novembro, a FILDA 2016 contava com "apenas 206 expositores nacionais e estrangeiros".

Redução de mais de 75% de inscrições em relação a 2015Trata-se de uma redução de mais de 75% de inscrições face às 853 presenças da feira de 2015, que por si só já tinha registado na altura uma forte quebra.

Industriemesse FILDA Luanda
Pavilhão da Alemanha na edição 2014 da FILDAFoto: Pedro Borralho Ndomba

Os expositores inscritos, prossegue o comunicado, permitiram ocupar apenas 7.721 metros quadrados, muito aquém da área de 28.000 metros quadrados e sete pavilhões de 2015.

"Técnica e financeiramente é inviável a realização de um evento de exposição com uma queda acima de 50% em todos os indicadores, pois tem forte implicação na dimensão, qualidade e visitação da feira, o que contrastaria em grande medida com a expectativa da maior parte dos expositores e visitantes, e elevaria significativamente o nível e insatisfação destes, com consequências negativas agravadas", lê-se no comunicado assinado por Matos Cardoso.

Consultas efetuadas aos mercados e expositores

A mesma informação refere que esta decisão foi tomada "após consulta a expositores e ao mercado".

Recorde-se que em anos recentes, centenas de empresários estiveram presentes na maior feira de Angola, em busca de novas oportunidades de negócio.Angola é o maior produtor de petróleo em África, mas enfrenta desde final de 2014 uma grave crise económica, financeira e cambial - que condiciona-a nomeadamente as importações - decorrente da quebra na cotação internacional do barril de crude.

Industriemesse FILDA Luanda
FILDA - 23.07.2014Foto: Pedro Borralho Ndomba

Expositores da FILDA têm de ser indemnizados ou imagem de Angola vai piorar

A Economist Intelligence Unit (EIU) considerou no passado mês de outubro que o cancelamento da FILDA, em Luanda, exemplifica "a dimensão dos desafios" de Angola e avisou que os expositores têm de ser indemnizados pelos depósitos já pagos.

"Além da oportunidade de promoção do país, que foi perdida, é provável que muitas companhias já tenham feito depósitos para ir ao evento; qualquer falhanço na devolução total dessas verbas causará mais estragos à já de si fraca reputação externa como um bom sítio para fazer negócios", escreviam (14.10.) os peritos da unidade de análise da revista britânica 'The Economist'. 

Na ocasião e num comentário ao cancelamento da edição deste ano da FILDA, os analistas lembravam que esta é a primeira vez que a feira é cancelada, mesmo durante a guerra civil, e sublinham que "a FILDA é um evento importante no calendário angolano".

Angola FILDA 2015 – Deutschland
Presença da Alemanha na FILDA (22.07.2015)Foto: DW/G. Correia da Silva