Impasse político preocupa comunidade internacional em Bissau
17 de maio de 2017As cinco principais organizações internacionais parceiras da Guiné-Bissau (ONU, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e União Europeia) estão preocupadas com o silencio do Presidente guineense, José Mário Vaz, após a posição do Conselho de Segurança, que recomenda ao chefe de Estado guineense a nomeação de um novo primeiro-ministro, cumprindo com o Acordo de Conacri, que visa acabar com a crise vigente no país.
José Mário Vaz não reagiu até agora aos apelos internacionais que vão no sentido de promover diálogos com os cinco partidos representados no Parlamento para a formação de um novo executivo de consenso.
Ovídio Pequeno, representante da União Africana na Guiné-Bissau foi o porta-voz do grupo da comunidade internacional, designada por P5, que se reuniu com o chefe de Estado guineense para lhe transmitir essa preocupação."P5 pediu audiência com o Presidente para manifestar a sua preocupação pela ausência de progresso com vista a implementação do Acordo de Conacri, uma vez que neste quadro tinha sido dado um espaço de tempo, de 30 dias, para a solução da crise", disse Ovídeo Pequeno.
Tanto a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização sub-regional, bem com o Conselho de Segurança da ONU, anunciaram o dia 25 de maio como a data limite para que o Presidente guineense cumpra com o Acordo de Conacri.
Após a reunião desta quarta-feira (17.05.) com José Mário Vaz, a comunidade internacional espera que seja relançado o novo processo de diálogo com os atores políticos na busca de uma solução para a nomeação de um novo primeiro-ministro, disse Ovídio Pequeno.
"Nós viemos, outra vez, dizer ao Presidente da República, na qualidade do garante da Constituiçao, que tem a tarefa maior de tentar encontarar uma soluçao através de dialogo, inclusive com o PAIGC".
PAIGC reune-se com o "grupo dos 15"
O encontro do Presidente guineense com a comunidade internacional decorreu no Palácio da Republica a escassos cinco metros da sede do PAIGC onde também tinha lugar uma reunião entre a direção do partido e o antigo primeiro-ministro, Baciro Djá, um dos 15 deputados expulsos do partido quando se alinhou com o Presidente José Mário Vaz no inicio da crise.
Baciro Djá, atualmente de costas voltadas com o regime no poder, chegou a ser nomeado por duas vezes primeiro-ministro pelo Presidente guineense.
Aos jornalistas, Djá deu a entender que a sua reintegração está num bom caminho e agradeceu a direção do partido pela iniciativa de perdão e diálogo:
"Discutimos a implementaçao do Acordo de Conacri. Sou militante do PAIGC, estou disponivel a voltar ao PAIGC. Está em causa a reconciliaçao da familia do partido, portanto, devo felicitar de coração a direçao do PAIGC pela iniciativa".Por seu lado, o secretário nacional do PAIGC, Ali Hijazy enalteceu os progressos alcançados no processo de reintegração de Baciro Djá e lamentou o facto do resto do grupo dos quinze deputados terem condicionado a participação na reunião de negociação mediante a presença de outros militantes expulsos mas que não são deputados. Aly recorda que o Acordo de Conacri prevê apenas a reintegração dos militantes expulsos que são deputados.
"Condicionaram a paraticipação deles à presença de Luis Oliveira Sanca ( nao é deputado) na reunião e que o encontro não seria na sede do PAIGC. Entendemos com os 15 que não estão a repeitar o ponto 10 do Acordo de Conacri que prevê a reitengraçao apenas dos deputados expulsos. O PAIGC nao vai ceder até este ponto".
Quando faltam oito dias para o termo do ultimato lançado pela comunidade internacional e perante a inércia do Presidente guineense, José Mário Vaz convocou um comício popular em Bissau, para esta quinta-feira à tarde, pelas 16h00, para fechar a sua primeira presidência aberta que o conduziu a todas as regiões da Guiné-Bissau.