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Falta consenso sobre o fim do repatriamento de refugiados em Angola

11 de outubro de 2011

A data do fim do repatriamento de refugiados angolanos não reúne consenso, enquanto o governo angolano quer que o processo termine este ano, o ACNUR defende que deve ser prolongado. O grande problema é a falta de fundos.

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Na imagem refugiados em Luena, Angola. De acordo com o ACNUR, a comunidade internacional já contribuiu muito, financeiramente, para trazer 400 mil refugiados de volta ao paísFoto: AP

A guerra civil em Angola, que inciou em 1975 e terminou em 2002, obrigou milhares de angolanos a fugirem do país, muitos deles para países vizinhos como por exemplo a República Democrática do Congo, Zâmbia, Namibia e Botswana.

A partir de 2003, com o fim da guerra, o ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, iniciou o processo de repatriamento em parceria com as autoridades angolanas.

Estas últimas determinaram e reafiramarm num encontro em Genebra, Suiça, na última semana, que até ao final de 2011 terminaria este processo, embora o ACNUR defenda o contrário.

O representante deste organismo em Angola, Bodana Nahajilo garante: "Não há possibilidades de concluir o processo de repatriamento de angolanos até final deste ano."

Symbolbild Libyen UNHCR Rauswurf aus Libyen
O ACNUR diz que o governo está a providenciar facilidades como reabilitação de estradas e alimentação, mas ressalta também que não é justo que a comunidade internacional pague tudo sozinhaFoto: DW-Montage

O Braço de Ferro

Segundo Nahajilo, o plano original era que o processo fosse até Junho do próximo ano, mas por várias razões, financeiras e outras, agora estão a discutir sobre as datas com o governo angolano que prefere terminar o repatriamento no fim deste ano.

O ACNUR não larga a sua posição, o seu representante em Luanda insiste: "Preferimos terminar em 2012 e o ACNUR está esperançoso de que mais recursos podem ser mobilizados "

Apesar das dificuldades financeiras, o ACNUR manifestou, no encontro de Genebra, a disponibilidade da Organização Internacional das Migrações, OIM, em continuar o processo até ao fim, ao lado do governo angolano.

Flüchtlingskind in Angola
Krispine Migeli, um refugiado angolano na Zâmbia em 2001. Muitas famílias receiam uma difícil inserção social, alguns pais não sabem, por exemplo, se haverá lugar nas escolas para os seus filhosFoto: AP

Receios de voltar à casa

Entretanto, o ACNUR, que reconhece e aprecia o envolvimento das autoridades angolanas no repatriamento, segundo palavras de Bodana Nahajilo, não espera apoio apenas da comunidade internacional, como apelou em Genebra.

Ao que tudo indica, espera também de Luanda, Bodana Nahajilo "O próprio governo sugeriu usar a TAG, a companhia aérea nacional, para transportar os refugiados, mas ainda não está definido quem paga o quê, por exemplo, o combustível ou se eles alugarão os aviões. Então, estamos à espera do resposta deles sobre essa parceria."


Nas próximas semanas o transporte de refugiados será feito por estrada, mas no caso da Zâmbia é feito de avião porque as estradas no Moxico, na fronteira, estão em péssimas condições. E o transporte aéreo é caro, de acordo com o ACNUR. Mas as dificuldades financeiras não são as únicas, o representante do ACNUR em Angola explica que o mais difícil é a questão organizativa, não apenas a parte técnica, é difícil também certificar a nacionalidade, a identidade, e isso leva muito tempo.

O representante do ACNUR no país, Bodana Nahajilo, conclui: "É também difícil convencer os retornados que será fácil começar uma nova vida e que serão reintegrados na sociedade angolana."

Autora: Nádia Issufo
Edição: António Rocha