Ex-ministro moçambicano é citado no escândalo Pandora Papers
4 de outubro de 2021Segundo a denúncia do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) divulgada neste domingo (03.10), documentos comprovariam que - faltando menos de um mês para ser exonerado de suas funções como primeiro-ministro de Moçambique, em 2012 - Aires Ali teria usado uma consultoria tributária com sede na Suíça para abrir uma empresa de fachada chamada Seychelles.
Outra empresa alegadamente forneceu um acionista e diretores, escondendo assim o nome do ex-primeiro ministro. Ali teria autorizado, em 2013, a empresa a abrir uma conta bancária noutra companhia com sede em Lisboa. O político moçambicano ainda não comentou sobre a investigação.
Milhões de documentos vazados pelo ICIJ revelam segredos financeiros de 35 líderes mundiais antigos e atuais e mais de 330 políticos e autoridades de 91 países. Entre as figuras que aparecem no Pandora Papers, estão o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o antigo Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, e o ministro da Segurança do Uganda, Jim Muhwezi.
Pandora Papers
A investigação do consórcio de media vazou 11 milhões de documentos de 14 empresas de serviços financeiros em todo o mundo. A apuração mostrou que as figuras públicas usavam paraísos fiscais offshore para ocultar ativos no valor de centenas de milhões de euros.
Para Gerard Ryle, diretor do Consórcio de media, a importância da divulgação desses documentos é demonstrar "que as pessoas que podem acabar com o sigilo do offshore podem expor quem se está a beneficiar disso". Até agora nove países já anunciaram investigações sobre as atividades financeiras de cidadãos denunciados.
O ICIJ também foi responsável por divulgar o vazamento dos documentos do escândalo Luanda Leaks, que envolve a empresária angolana Isabel dos Santos.