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Cultura

Europa vai devolver à Nigéria peças da época colonial

Sam Olukoya | ms
14 de novembro de 2018

Durante o colonialismo, foram levadas de África obras importantes como os famosos Bronzes do Benim. Após décadas de negociações, a Nigéria está a finalizar um acordo com museus europeus para a devolução de algumas peças.

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Exposição em Hamburgo, na Alemanha, sobre os Bronzes do BenimFoto: Michaela Hille

Os Bronzes do Benim, uma coleção de centenas de obras de vários séculos que foram saqueadas pelas forças britânicas, em 1897, do palácio real do Oba do Benim, no atual sudoeste da Nigéria, estão espalhados por museus na Europa e nos Estados Unidos da América.

"Eu nunca vi essas peças ao vivo, nunca lhes toquei nem as senti. Só as vimos em catálogos. É muito revoltante e muito triste", diz Eric Osamudiamen Ogbemudia, descendente de antigos fabricantes de bronze - uma arte que continua a ser transmitida de geração em geração.

Europa vai devolver à Nigéria peças da época colonial

O artista lamenta que centenas de obras de arte feitas pelos seus antepassados, "o legado do pai", ainda estejam no estrangeiro. Ogbemudia produz peças de bronze na sua oficina na Rua Igun, em Benim City, capital do estado de Edo, no sul da Nigéria.

Património Mundial da UNESCO, a Rua Igun tornou-se conhecida pela produção de obras de bronze. A maioria das peças retiradas do palácio real foi feita aqui, no século XIII.

Os ancestrais de Eric Ogbemudia não tinham máquinas, mas isso não os impedia de fabricar boas peças. "O nosso trabalho nunca foi tão limpo, tão bem acabado como o dos nossos antepassados. O mistério continua, porque naquela época não havia mecânica, nem ferramentas, nada, mas eles eram capazes de produzir aquelas obras", conta.

Regresso a casa em breve

Durante anos, o Governo nigeriano e o Palácio do Rei do Benim pressionaram vários museus na Europa e nos Estados Unidos para devolverem as obras. Entretanto, foi formado um grupo de diálogo que envolve representantes nigerianos e representantes dos museus europeus onde se encontra a maioria das peças.

Em breve, algumas dessas peças poderão regressar ao continente. Segundo Frank Irabor, o secretário do palácio real, foram feitos progressos significativos para o retorno das obras. "O diálogo tem sido muito promissor. Alguns curadores também estão a tentar descobrir para onde devem ir as obras", refere.

Inicialmente, diz Frank Irabor, os museus estrangeiros estavam preocupados com a segurança das obras no regresso à Nigéria. "Mas nós já garantimos que a questão da segurança não deverá preocupá-los", sublinha.

Com o acordo que está a ser finalizado entre as partes, algumas peças deverão regressar em breve à Nigéria. Mas outras deverão continuar no estrangeiro, concordou já o palácio real, para que possam continuar a mostrar a herança do Benim por lá.

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