Trump e Biden jogam trunfos finais antes das presidenciais
2 de novembro de 2020É na categoria de "votos que podem ser decisivos" que entram os eleitores afro-americanos, que podem eleger Joe Biden ou manter Donald Trump na Casa Branca.
Robert Patterson, professor da Universidade de Georgetown, em Washington, acredita que Trump irá contar com alguns votos dos negros mais jovens, mas a maioria vai votar no candidato democrata. "Vão apoiar Biden, vão ter os seus amigos e primos mobilizados. Definitivamente, irão participar em números superiores aos de 2016, porque compreendem o que está em jogo", diz.
Joe Biden, candidato democrata que concentra a campanha eleitoral no voto dos negros, diz que estas são eleições mais importantes na história dos Estados Unidos e pede mais afluência às urnas para unir uma nação dividida.
Guerra de palavras
"Podemos pôr fim a uma presidência que falhou em proteger esta nação, que alimentou as chamas do ódio, derramou gasolina em todas as oportunidades que teve", apelou Biden, que considera que "está na hora de Donald Trump fazer as malas e ir para casa".
"Estamos fartos dos tweets, da raiva, do ódio, do fracasso, da irresponsabilidade. Temos muito trabalho a fazer. Se eu for eleito vosso Presidente, vamos fazê-lo e vamos agir e vamos começar desde o primeiro dia", prometez.
Joe Biden procura o voto dos eleitores negros, o que lhe aumenta as probabilidades em estados importantes. Escolheu a negra Kamala Harris como candidata ao cargo de vice-Presidente. Mas só isso não basta.
Biden esteve domingo (01.11) em Filadélfia, onde se referiu às "disparidades baseadas na raça". Depois de no fim de semana ter partilhado o palco de comícios com Obama, o democrata joga todos os trunfos na Pensilvânia, no dia final de campanha, revelando a importância que está a dar a este estado para garantir a sua vitória nas presidenciais.
Por seu lado, o atual Presidente e candidato republicano a um novo mandato chamou "corrupto" ao ex-vice-presidente de Barack Obama. "Joe Biden é um político corrupto é comprado e pago. Se Biden ganhar vai mergulhar este país numa guerra ridícula", afirmou Donald Trump.
"Se Biden ganhar, a China será dona dos Estados Unidos da América", acusou ainda o republicano, que hoje regressa à Carolina do Norte, passando pela Pensilvânia e Wisconsin, dois dos Estados considerados essenciais para garantir a sua reeleição, antes de terminar a campanha no Michigan, com dois comícios.
"Black Lives Matter"
Na reta final da corrida eleitoral, o movimento "Black Lives Matter" surge como fator de mobilização eleitoral. Keturah Herron, um dos milhões de americanos que lutam pela igualdade e fim da discriminação racial nos Estados Unidos, lembra o caso da paramédica de 26 anos assassinada pela polícia no seu apartamento, em março passado.
"O nome Breonna Taylor dá-me força e esperança e dá-me uma razão para acordar todos os dias e lutar pela justiça. Já tenho 40 anos, ao longo da vida só vi injustiças contra os negros nesta nação. A mulher negra é a mulher mais desrespeitada da América", sublinha.
Outro manifestante antirracismo confessa que quando Barack Obama foi eleito primeiro Presidente negro da América tinha esperança que haveria mais igualdade, mas hoje percebe que há muito mais em jogo.
"Não mudou praticamente nada. A verdadeira mudança não está a acontecer. Pessoalmente, penso que temos um Presidente que está a evocar o racismo e a tensão racial no paí", lamenta.