EUA concluem que tropas russas cometeram crimes de guerra
23 de março de 2022O secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou nesta quarta-feira (23.03) que o governo dos Estados Unidos encerrou um processo de revisão interna sobre a invasão na Ucrânia e concluiu que "membros das tropas russas cometeram crimes de guerra" no país vizinho.
Por meio de comunicado, Blinken informou sobre o fim dos trabalhos de análise da invasão iniciada em 24 de fevereiro, o que poderia levar a partir de agora a processos penais em tribunais dos EUA e também em cortes internacionais.
O chefe da diplomacia americana detalhou que a revisão interna foi baseada em dados de agências de inteligência e informação pública.
Blinken explicou que o Governo dos EUA continuará coletando informações sobre possíveis crimes de guerra e compartilhando-as com seus aliados e outras instituições internacionais diante de possíveis processos futuros para que os autores prestem contas à justiça.
Além disso, assegurou que Washington usará "todas as ferramentas disponíveis" para que os responsáveis sejam processados e mencionou a possibilidade de processo criminal.
Logo após o anúncio, a embaixadora especial dos EUA para Justiça Criminal Global, Beth Van Schaack, enfatizou em entrevista coletiva que "é extremamente importante continuar documentando o que está acontecendo no terreno para preservar essa informação como evidência potencial para futuros propósitos de prestação de contas".
"Não queremos que essas provas sejam alteradas", destacou.
Tanto Blinken quanto o Presidente dos EUA, Joe Biden, já haviam acusado as forças russas de cometerem crimes de guerra na Ucrânia; mas o Departamento de Estado não havia feito até hoje uma declaração formal contra a Rússia nesse sentido.
O chefe da diplomacia americana ressaltou que, desde que a Rússia iniciou a invasão, suas tropas direcionaram ataques contra alvos que "claramente" estavam sendo usados por civis, como prédios de apartamentos, escolas, hospitais, shopping centers e ambulâncias.
Nesse sentido, se referiu, por exemplo, a uma maternidade e a um teatro na cidade portuária de Mariupol, onde os duros confrontos mantêm mais de 100.000 civis sitiados em condições subumanas por duas semanas.
A pedido de quase 40 países, o Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), ao qual os EUA não pertencem, já abriu uma investigação na Ucrânia por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.