EUA acusam África do Sul de ter fornecido armas à Rússia
11 de maio de 2023O embaixador dos Estados Unidos na África do Sul acusou, esta quinta-feira (11.05) o país de ter fornecido secretamente armas à Rússia, apesar de sua posição oficialmente neutra em relação à guerra na Ucrânia.
O enviado Reuben Brigety disse que os EUA estavam "confiantes" de que armas e muniçõesforam carregadas em um navio russo que atracou secretamente em uma base naval da Cidade do Cabo, em dezembro.
"O armamento dos russos é extremamente sério e não consideramos que esta questão esteja resolvida", disse Brigety, em coferência de imprensa, na capital sul-africana, Pretória.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse que seu Governo está a investigar as reivindicações que supostamente ocorreram entre 6 e 8 de dezembro, quando o Lady R, um cargueiro sob sanções ocidentais, com bandeira russa, atracou em Simon's Town, a maior base naval da África do Sul.
"Estamos confiantes de que armas e munições [foram carregadas] naquele navio enquanto ele voltava para a Rússia", disse Brigety. "Gostaríamos que a África do Sul [começasse] a praticar sua política de não-alinhamento."
As suas declarações foram confirmadas à agência France-Presse por uma fonte presente na reunião. Mas a embaixada americana, contactada pela agência noticiosa, não quis confirmar nem desmentir as declarações.
Questionado sobre a fiabilidade das informações americanas sobre a carga do navio, o embaixador Reuben Brigety afirmou que eram sólidas.
África do Sul na corda-bamba diplomática
A África do Sul se recusou a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, insistindo que prefere permanecer neutra e pressionar pelo diálogo.
"Embora nenhuma evidência tenha sido fornecida até o momento para apoiar essas alegações, o Governo se comprometeu a instituir um inquérito independente a ser conduzido por um juiz aposentado", disse o porta-voz de Ramaphosa, Vincent Magwenya
Mas os críticos citam uma série de incidentes recentes como evidência de uma inclinação para o Kremlin. No início deste ano, a marinha sul-africana realizou exercícios militares conjuntos com a Rússia e a China, alegando que os exercicíos haviam sido planejados anos antes.
Em janeiro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, aproveitou uma visita à África do Sul para culpar o Ocidente pela guerra na Ucrânia.
Outros dilemas de diplomacia
A África do Sul é membro do BRICS - um grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e defende o multilateralismo como contrapeso a uma ordem internacional liderada pelos Estados Unidos.
Em março, o país enfrentou um dilema diplomático depois que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o Presidente russo, Vladimir Putin, que deve participar na cimeira do BRICS na África do Sul, em agosto. O mandado significava que Pretória teria de deter Putin na chegada.
Em resposta, no mês passado, Ramaphosa disse que o ANC havia resolvido que a África do Sul deveria sair do TPI- antes de voltar atrás horas depois, citando o que seu escritório chamou de "erro" de comunicação.