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“Estas eleições são diferentes”, dizem artistas guineenses

António Rocha13 de abril de 2014

Personalidades das artes e letras guineenses esperam muito dos resultados do escrutínio deste domingo e principalmente da nova equipa governamental que irá dirigir a Guiné-Bissau nos próximos anos.

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Foto: DW/Braima Darame

Artistas guineenses dizem que é preciso que a nova geração de políticos e governantes restaure a confiança entre os guineenses e, principalmente, a imagem do país no exterior.

O músico Carlos Robalo, que viveu na Alemanha mais de 30 anos e que nos últimos tempos passou a residir em Bissau, manifestou a esperança de que, desta vez, o seu país entre verdadeiramente na senda do progresso e da estabilidade.

Robalo lembra que assistiu a duas eleições legislativas e que estas são as quartas presidenciais em 10 anos. “Nas outras eleições”, diz, “não tínhamos nenhuma esperança”. Mas agora “tudo é diferente”. E, por isso mesmo, desta vez, o músico tem esperança que “a democracia funcione na Guiné-Bissau”.

Para um homem empenhado na divulgação cultural do seu país, Carlos Robalo espera que as novas autoridades que saírem destas eleições saibam definir as necessidades prioritárias da Guiné-Bissau e “que dêem atenção especial à educação. O setor da educação na Guiné-Bissau degradou-se imenso, o nível de ensino baixou bastante”. Isto, apesar de haver “muitas escolas e muitas crianças interessadas em aprender”.

Por outro lado, Robalo apela também à necessidade de se dar mais atenção à saúde pública, não apenas no que toca aos hospitais como também, por exemplo, aos “mercados e às condições em que os alimentos são vendidos e guardados”.

Como homem das artes, lembra ainda a cultura nacional: “nós ainda não temos uma sala de espetáculos, um museu, uma biblioteca”. Para um país que já é independente há 40 anos, “espera-se que os políticos saibam que não é apenas a sua própria sobrevivência que está em causa, mas também o funcionamento do país inteiro”.

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Nova geração de políticos traz otimismo

Perante a nova geração de políticos que estas eleições gerais deram a conhecer aos guineenses e ao mundo, o músico Carlos Robalo mostra-se otimista quanto ao futuro imediato do seu país e diz esperar que estes jovens políticos tenham aprendido com os “erros do passado”. Porque, no fundo, “eles é que ficarão com o país. E se eles não cuidarem deste país, para eles não restará nada”. Daí que Robalo tenha “esperança de que eles tentarão fazer algo diferente”.

Também o escritor guineense Abdulai Silá fala de uma nova geração de políticos e governantes cuja tarefa será “livrar o país da teia que cobre a Guiné-Bissau”, construída durante 40 anos de instabilidade com golpes de Estado, assassínios e ajustes de contas entre políticos e militares.

“A nova geração de políticos”, diz, “tem gente com maior capacidade e melhores intenções para este país”. E isso “é um novo sinal de esperança em relação ao processo que vai começar a partir da próxima segunda-feira”.

A restauração da confiança entre os guineenses será uma tarefa que os novos governantes deverão ter em mente logo no início do mandato, defende ainda o escritor Abdulai Silá: “temos um défice de confiança, temos um défice de auto-estima, temos um défice de esperança”, afirma. Contudo, o escritor espera que “depois de todas as experiências negativas que nós tivemos, a nova geração terá a coragem e o patriotismo para implementar esse sonho desse povo que tem vindo a ser adiado há muitos anos”.

Buchcover Dois Tiros e Uma Gargalhada Abdulai Sila
Capa do livro "Dois Tiros e Uma Gargalhada" de Abdulai SiláFoto: Abdulai Sila

Silá considera estas eleições gerais o início do processo de transição na Guiné-Bissau, uma “transição a sério” que espera que “seja a última no país”.

Para os jovens, o processo eleitoral na Guiné-Bissau é muito importante, afirma o cantor Binham, ele próprio ainda jovem. Segundo Binham, a sua geração está extremamente preocupada com o futuro. Mas o cantor acredita que depois das eleições deste domingo, a Guiné-Bissau “terá um presidente e um Governo capazes de organizar o país e de dialogar com todos os setores” a nível nacional.