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Violência na República Centro-Africana aumenta

Martina Schwikowski | cvt | nn
26 de agosto de 2017

O endurecimento do conflito que opõe rebeldes muçulmanos a cristãos na República Centro-Africana está a preocupar organizações humanitárias no terreno. Os confrontos já fizeram 800 mortos este ano.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Vinograd

Numa carta aberta enviada no início do mês ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, cinco organizações internacionais de ajuda humanitária admitiram não estarem a conseguir operar no país por causa dos ataques constantes contra os seus funcionários.

A guerra entre rebeldes muçulmanos da milícia Seleka e a milícia cristã anti-Balaka dura há vários anos e nem civis, nem soldados da ONU escapam incólumes à sua violência.

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Antigo membro da milícia Seleka regressa à base em Bambari, no centro do paísFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

Este ano, mais de 800 civis foram mortos e cerca de um milhão de pessoas foram obrigadas a sair das suas casas para procurar refúgio. Também em agosto, o coordenador do auxílio de emergência da ONU, Stephen O'Brien, alertou para sinais de genocídio no país.

A República Centro-Africana é um dos países mais pobres do mundo - ocupa o último lugar do Índice de Desenvolvimento das Nações Unidas. Neste país, uma em cada duas pessoas depende de ajuda para sobreviver.

País controlado pelos rebeldes

Lewis Mudge, da organização não governamental Human Rights Watch (HRW), diz que as violações dos direitos humanos por parte dos rebeldes é preocupante e pede medidas urgentes.

"Está nas mãos da missão da ONU criar condições para o diálogo de paz entre esses dois grupos rebeldes, responsabilizar os autores de crimes sérios e iniciar um processo de desarmamento", defende.

Violência na República Centro-Africana aumenta

Apesar da presença de 12.500 soldados das Nações Unidas no país, os rebeldes controlam cerca de 70% do território, de acordo com as organizações de direitos humanos.

As tropas francesas e da União Africana rumaram à República Centro-Africana em 2014 para conter o terror das milícias e pouco tempo depois a ONU enviou os capacetes azuis.

Paul Melly, do instituto de análise política Chatham House, sediado no Reino Unido, alerta que o conflito ameaça subir de tom. "Existe um risco real de que a violência regresse a uma escala ainda maior do que temos visto nos últimos dois anos, porque a intervenção inicial da ONU com a ajuda dos franceses estabilizou a capital Bangui, mas deixou os rebeldes a controlar a região nordeste, rica em diamantes. Os rebeldes estão a lutar para manter o controlo territorial da região".

Por outro lado, o Governo do Presidente Faustin Touadéra, desde março de 2016 no cargo, não pôs fim à violência. "Um tribunal especial para a condenação de autores de crimes foi estabelecido, mas ainda não atua ativamente. Enquanto os rebeldes não temerem as consequências, não suspenderão as batalhas", avisa o especialista da organização sem fins lucrativos Chatham House.

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Organizações a operar no terreno pedem reforço das tropas da ONU no paísFoto: Getty Images/AFP/A. Huguet

Em junho, um tratado de paz entre o Governo e vários grupos rebeldes foi imediatamente interrompido por fortes combates. Perto de Bria, a nordeste da capital Bangui, as tropas inimigas enfrentaram-se e fizeram mais de 100 mortos.

Reforços necessários

A maioria das organizações a trabalhar no país defende que o único caminho para a paz passa por mais tropas da ONU,  mas falta assistência logística e alguns países mostram pouco interesse em participar numa missão na região, acrescenta Melly .

"Um dos problemas é que a República Centro-Africana não é vista como um interesse estratégico por ninguém e, portanto, há vontade em contribuir", lamenta Paul Melly.

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