Embaixadores africanos exigem desculpas de Donald Trump
13 de janeiro de 2018Todos os países africanos na Organização das Nações Unidas solicitaram por unanimidade, esta sexta-feira (12.01), que o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, retrate-se e peça desculpas pelos comentários "racistas" que expressou, na passada quinta-feira.
Numa reunião com legisladores na Casa Branca, para discutir um acordo para a imigração, Donald Trump utilizou a expressão "países de merda" ("shithole countries", em inglês) para se referir ao Haiti, El Salvador e a várias nações africanas, sem identificá-las.
Após um encontro convocado em caráter de urgência na sexta-feira, o grupo de 54 embaixadores africanos emitiu um comunicado no qual os diplomatas asseguraram estar "extremamente consternados" pelas palavras de Trump.
"Tendência crescente"
Segundo os embaixadores, os comentários do chefe de Estado norte-americano foram "escandalosos, racistas e xenófobos". Ainda de acordo com os diplomatas, há uma "contínua e crescente tendência dentro do Governo dos EUA em relação à África e aos afrodescendentes, denegrindo o continente e as pessoas de cor".
No comunicado, os embaixadores expressaram "solidariedade" com o povo haitiano e com o dos outros países acatados por Trump durante a reunião na Casa Branca. Também agradeceram aos americanos que "condenaram" a fala do Presidente.
A resolução foi aprovada por unanimidade após quatro horas de discussão. "Por pelo menos uma vez, todos estamos na mesma página", disse um embaixador à agência de notícias AFP.
Desde esta sexta-feira, várias organizações e autoridades africanas já reagiram ao insulto do Presidente americano. A porta-voz da União Africana, Ebba Kalondo, disse que as afirmações de Trump são inaceitáveis e que "prejudicam os valores globais partilhados sobre diversidade, direitos humanos e compreensão recíproca".
Versão de Donald Trump
As declarações de Donald Trump foram divulgadas na quinta-feira pelo jornal "The Washington Post" e confirmadas depois pelo "Los Angeles Times".
Na mesma reunião em que usou a expressão insultuosa, o Presidente afirmou que preferiria receber imigrantes da Noruega a receber cidadãos de El Salvador, do Haiti e de países de África.
No Twitter, Donald Trump negou ter usado a expressão "países de merda", ainda que tenha admitido que a linguagem usada na reunião tenha sido "dura”.
A versão de Trump foi, entretanto, desmentida pelo senador democrata, Dick Durbin, que afirmou que o Presidente usou linguagem "vil e racista" no encontro.
Donald Trump, por sua vez, acusou neste sábado os democratas de terem acabado com um possível acordo migratório.
"Os democratas são muitas palavras e nada de ação. Não estão fazendo nada para consertar o DACA. Uma grande oportunidade perdida. Muito ruim!", escreveu o Presidente em sua conta no Twitter sobre a situação dos jovens sem documentos que chegaram ao país quando crianças.