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Transportadoras suspendem rotas em Tete

Amós Zacarias (Tete)27 de abril de 2016

Empresas de transporte de passageiros começam a abandonar suas rotas em Tete, devido aos confrontos entre a RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança. Desde março, pelo menos cinco transportadoras paralisaram atividades.

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Terminal Interprovincial de Transportes Terrestres de TeteFoto: DW/A. Zacarias

Por causa dos constantes ataques nas estradas nacionais número um (N1) e sete (N7), cinco transportadoras já começaram a abandonar as suas atividades na província central de Tete. Costumam fazer as rotas Tete-Nampula, Tete-Chimoio, Tete- Beira, Tete-Maputo e vice-versa.

A DW África visitou na manhã desta quarta-feira (27.04) o Terminal Interprovincial de Transportes Terrestres de Tete, onde constatou que diminuiu drasticamente a procura por transportes nos últimos dias.

A recente abertura de uma cratera na Estrada Nacional Número Sete (N7), no distrito de Barué, posto administrativo de Honde, e a morte de um motorista da Nagi Investimentos, em março, na mesma região, fizeram piorar a situação.

"Com a crise política que se está a ver agora, já não há passageiros. Sempre está a haver problemas. Nem para Beira, nem para Chimoio. Tudo está difícil. Desde de manhã ainda não vendi nenhum bilhete. Estou a vender bilhetes para a Beira," conta Nelson Daude, vendedor de bilhetes no Terminal Interprovincial de Tete.

Em consequência disso, há viaturas que esperam mais de duas semanas até conseguirem 15 passageiros, o mínimo exigido para os "machimbombos" fazerem uma viagem, revela Nelson Bernardo, cobrador de uma transportadora com destino a Maputo.

Mosambik Nelson Daude
Nelson Daude, vendedor de bilhetes no Terminal Interprovincial de TeteFoto: DW/A. Zacarias

Bernardo conta que o seu carro está parado há mais de 15 dias. Começou esta quarta-feira (27.04) a vender bilhetes novamente.

"O movimento está muito difícil. Até esta hora, ainda não tenho nenhum passageiro. É capaz de começar de novo amanhã ou depois de amanhã," lamenta Bernardo, que trabalha com um autocarro de 65 lugares.

O cobrador diz estar à espera de vender pelo menos 15 bilhetes para seguir viagem. "Só para combustível. Para o patrão não rende nada," diz Bernardo.

Medo de ataques

Mosambik Landverkehrstation von Tete Kassenhaus
Bilheteria do Terminal Interprovincial de Transportes Terrestres de TeteFoto: DW/A. Zacarias

No terminal de transportes de Tete, muitas empresas já retiraram as suas viaturas da estrada com medo que sejam incendiadas por homens armados. Fato que é confirmado por Nelson Daude.

"Aqui é um parque grande, tem carros da Beira e tem carros de Maputo. Mas só tem um carro de Chimoio. Tem um carro que estamos a vender. Os outros acabaram por abandonar os destinos. Agora a tendência é deixar os carros nas casas," explica Daude.

O Governo Provincial de Tete confirma esta informação.

"De fato há essa reclamação por parte dos transportadores, principalmente as questões de segurança dos veículos que usam. Como Governo, temos feito a sensibilização dos transportadores para que possam continuar a confiar," revela Romeu Sandoca, diretor provincial dos Transportes e Comunicações de Tete.

Sandoca assegura que existe segurança para a circulação nas estradas nacionais, desde que esta seja feita durante o dia. Diz ainda que as Forças de Segurança estão a garantir a movimentação de pessoas e bens.

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Romeu Sandoca, diretor provincial dos Transportes e Comunicações de TeteFoto: DW/A. Zacarias

O dirigente reconhece o medo que as pessoas têm em viajar neste momento. Segundo Romeu Sandoca, temem os ataques atribuídos a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição moçambicana.

"Queremos encorajar os passageiros para que cumpram com os seus planos usando as transportadoras," apela.

Outro aspeto apontado pelos transportadores prende-se com o fato de haver longas esperas nas zonas onde há escoltas obrigatórias depois de saírem dos parques - nomeadamente nos troços Muxúnguè-Save e Caia-Nhamapadza, na província de Sofala.

Desde a última abertura de cratera na N7, o ambiente é calmo e a circulação de viaturas é feita sem sobressaltos, garantiu à DW África o diretor provincial dos Transportes e Comunicações de Tete.

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