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Eleições: "Não vamos deixar que retirem a vitória à RENAMO"

25 de outubro de 2023

À DW, líder da Revolução Democrática, partido dissidente da RENAMO, promete as "piores manifestações de sempre" em Moçambique se o Conselho Constitucional validar as "injustiças" nas autárquicas de 11 de outubro.

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Vitano Singano, líder da Revolução Democrática (RD)
Foto: Arsénio Sebastião/DW

A Revolução Democrática (RD), um partido fundado por dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), diz que "nunca mais vai concorrer" a eleições no país. Citado pelo jornal Notícias, o partido reconhece que se está a auto-excluir, mas isso deve-se à "falta de um clima de transparência" nos processos eleitorais, a exemplo das autárquicas de 11 de outubro.

À DW, o líder do partido, Vitano Singano, coloca-se do lado da RENAMO e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que reclamam de uma "megafraude" na votação. Alerta ainda que, se o Conselho Constitucional validar a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na maioria das autarquias, todos os Acordos de Paz poderão ser postos em causa.

Singano anuncia ainda "as piores manifestações de sempre" no país.

DW África: Que tipo de manifestações poderá haver caso seja confirmada a vitória da FRELIMO?

Vitano Singano (VS): As manifestações da Revolução Democrática [RD] serão piores do que as que temos visto até aqui. A RD  defende que, onde a RENAMO ganhou, tem de governar. Onde a Nova Democracia ganhou, tem de governar. Onde o MDM ganhou, tem de governar. Não há necessidade de repetir as eleições. Nós somos pela causa nacionalista. Não vamos deixar que seja retirada à RENAMO a vitória que o povo lhe deu.

DW África: Os órgãos eleitorais deverão anunciar os resultados finais esta quinta-feira. E se eles derem razão às denúncias?

VS: Na quinta-feira será o anúncio da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Não esperamos muito. A RD está à espera do Conselho Constitucional e vamos defender os votos concedidos à RENAMO e ao MDM. Nós somos nacionalistas.

Mosambik Maputo | Wahlen | Wahlurne
CNE deverá anunciar os resultados finais esta quinta-feira (26.10)Foto: Alfredo Zuniga/AFP

DW África: Acredita que a falta de transparência eleitoral pode pôr em causa o acordo de paz em Moçambique?

VS: Houve três acordos: O primeiro foi entre Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, o segundo foi entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama e depois houve o acordo entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade, o pior deles todos. Os resultados das eleições poderão pôr em causa esses três acordos, que foram rasgados por Nyusi e pela FRELIMO.

[O Presidente Filipe] Nyusi não quer democracia. Está a empurrar os moçambicanos para um conflito, para depois declarar estado de sítio e se manter no poder. Ele não pode convidar o povo para a festa eleitoral a confiar na polícia. A RD tem guerreiros, tem o povo; a oposição tem o povo. Líderes cobardes não poderão fazer parte das manifestações convocadas pela RD.

DW África: Vão desafiar as autoridades policiais?

VS: Vamos. Recordo que a luta pela independência começou pelos estudantes. A Guerra dos Dezasseis Anos começou com 17 pessoas. Moçambique não é o Ruanda. Moçambique é dos moçambicanos.

DW África: Porque é que afirmou que o seu partido nunca mais irá a eleições? É um mecanismo viável?

VS: Não há transparência. Vivemos numa ditadura, porque o partido no poder, a FRELIMO, [promoveu a] desvalorização da vontade popular. Porquê participar nas eleições? Participamos sabendo que a vontade popular não vai prevalecer, havendo já um vencedor antecipado?

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DW África: Mas como pode chegar ao poder sem participar nas eleições?

VS: Como moçambicanos, sentimos na pele a ditadura. Sentimo-nos mal quando a comunidade internacional nada faz. Assistimos, na Matola, a mandatários partidários a serem escorraçados pela polícia. Neste momento, questiono em que eleições vamos participar? Não podemos ir para lá só para carimbar a festa da FRELIMO.

DW África: Como é que analisa o posicionamento da RENAMO, que está a protestar nas ruas?

VS: A revolução democrática não ficará fora de jogo. Apesar das minhas diferenças com Ossufo Momade, a RD vai convocar uma manifestação nacional em repúdio aos resultados que forem carimbados de forma injusta pelo Conselho Constitucional.

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