Malawi suspende anúncio dos resultados das eleições
25 de maio de 2019O Supremo Tribunal do Malawi ordenou este sábado (25.05) a suspensão do anúncio dos resultados das eleições de terça-feira, até que os votos de um terço dos distritos do país tenham sido novamente contados, após queixas da oposição. O tribunal diz que "o anúncio dos resultados presidenciais está suspenso até que os resultados (...) sejam verificados através de uma recontagem transparente dos boletins de voto, na presença de representantes dos partidos políticos que contestaram as eleições".
A Comissão Eleitoral do Malawi (MEC) - que tem de divulgar os resultados definitivos das eleições no espaço de oito dias após a votação - tinha suspendido na sexta-feira a divulgação dos resultados provisórios.
Após a contagem de três quartos das mesas de voto do país, os últimos números, divulgados na quinta-feira, dão uma clara vantagem ao Presidente cessante, Peter Mutharika, com 40,49% dos votos, à frente do líder da oposição Lazarus Chakwera com 35,44%.
No entanto, "a Comissão Eleitoral do Malawi (MEC) não dará novos resultados nesta fase, porque a sua publicação está sujeita à resolução de controvérsias", disse a presidente do MEC, Jane Ansah, na sexta-feira.
"A Comissão está a trabalhar incansavelmente, dia e noite, para fornecer os resultados credíveis do processo eleitoral", disse a responsável aos jornalistas em Blantyre.
De acordo com Ansah, os serviços do MEC receberam um total de 147 requerimentos relativos às eleições presidenciais, legislativas e locais realizadas na terça-feira. A maioria diz respeito a boletins de voto nulos e brancos e acusações de falsificação de registos de contagem em assembleias de voto.
Oposição aponta tentativa de fraude
Já ao início da tarde deste sábado, o maior partido da oposição do Malawi, o Partido do Congresso do Malawi (MCP), tinha anunciado que obteve uma ordem judicial para impedir a Comissão Eleitoral de divulgar os resultados definitivos das presidenciais. Antes do anúncio, diz o secretário-geral do MCP, Eisenhower Mkaka, a MEC tem de investigar as 147 queixas sobre o processo eleitoral.
Na quarta-feira (22.05), o líder do MCP, Lazarus Chakwera, anunciou que estava "muito à frente", de acordo com dados compilados pelo seu partido, que acusa o poder de tentativa de fraude.
Em 2014, as eleições gerais ficaram marcadas por vários incidentes. A sociedade civil e os observadores do Malawi congratularam-se este ano, até à data, com as eleições, amplamente reconhecidas como livres, transparentes e justas. No entanto, há receio de tensões, à medida que os resultados são anunciados.
No poder desde 2014, Peter Mutharika fez campanha para um segundo mandato, destacando os seus esforços para melhorar as infraestruturas do país, incluindo as estradas, mas a sua governação foi manchada por escândalos de corrupção.