Em conferência de imprensa esta segunda-feira (16.10) à tarde, a Sala da Paz diz ter assistido com alguma preocupação à onda de "ilícitos eleitorais" registados nas últimas eleições e classifica-os como um "retrocesso" na democracia moçambicana, segundo Dércio Alfazema, diretor de programas do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD).
"Há muito tempo que não tínhamos uma onda de contestação de resultados eleitorais e até situações de manifestações tão grande como temos", notou Alfazema.
A Sala da Paz diz que os órgãos eleitorais "desaprenderam" como devem ser organizados os processos eleitorais.
Reagindo à anulação das eleições em Cuamba e Chókwè, Dércio Alfazema defendeu que "isto não tem que terminar por aí", acrescentando que "tem de haver uma responsabilização [dos envolvidos], porque a realização de eleições tem custos ao erário público e o nosso país não tem dinheiro para andar a repetir eleições por causa de comportamentos como os que acompanhámos", concluiu.
Face ao anúncio de manifestações à escala nacional pelo maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), a Sala da Paz apelou ao civismo e a marchas pacíficas.
Felicidade Chirindza, porta-voz da agremiação, reiterou que os partidos devem apostar nos tribunais para a resolução de qualquer diferendo e apelou aos órgãos de justiça "para a celeridade na tramitação dos processos ligados aos ilícitos eleitorais".
Por outro lado, Chirindza apelou à criação de uma "plataforma de diálogo" entre os atores políticos e eleitorais para discutir "de maneira construtiva" os resultados das autárquicas de 11 de outubro.