Eleições em Brandemburgo: Alívio para SPD de Olaf Scholz
24 de setembro de 2024Brandemburgo tem cerca de 2 milhões de eleitores e é apenas um dos 16 estados federais da Alemanha. No entanto, depois do fracasso nas eleições na Turíngia e na Saxónia, a 1 de setembro, o SPD em Brandemburgo consegui contrariar as sondagens e vencer com 30,9% dos votos.
Olaf Scholz sonha com o mesmo sucesso quando pensa nas eleições federais de 2025. Uma esperança partilhada pelo líder do SPD, Lars Klingbeil.
"Os problemas que temos a nível federal e o que queremos alcançar, incluindo as eleições federais do próximo ano, não desapareceram. Temos tarefas difíceis e coisas por resolver nas próximas semanas. Queremos voltar a ganhar e temos de trabalhar arduamente para isso", declarou.
Questões como a economia em dificuldades e, acima de tudo, o tema da migração determinaram a campanha eleitoral em Brandemburgo.
Derrota dos Verdes e dos Liberais
Estas foram as terceiras eleições regionais em três semanas, nas quais o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve grandes avanços.
Foi também a terceira vez em que os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP) - que lideram a coligação governamental alemã juntamente com o SPD - sofreram uma expressiva derrota. O secretário-geral do FDP, Bijan Djir-Sarai, falou com visível frustração de "uma noite difícil" ao referir-se ao resultado das eleições.
Ao analisar o resultado das últimas eleições estaduais, Ricarda Lang, presidente dos Verdes, admitiu que há uma "tendência negativa” que precisa de ser quebrada: "As pessoas não se sentem ouvidas, não só, mas também por nós, os Verdes, e, a nível federal e estadual, temos de nos aproximar da realidade da vida das pessoas no Leste."
Enquanto isso, a AfD soma e segue. O segundo lugar nas eleições de Brandemburgo não desmotivou o partido de extrema-direita, como salienta a vice-líder da AfD, Alice Weidel.
"Estamos extremamente satisfeitos com o resultado, mas é claro que podemos ver aqui que houve votação tática e os votos foram para o SPD. Mas temos de aceitar isso, é apenas uma fase, o Leste é azul, somos a força mais forte no Leste, também ganhámos na Saxónia e na Turíngia", lembra Weidel.
Governo de coligação aguentará até ao Natal?
Um dos maiores desafios para o SPD é garantir a continuação da coligação governamental com os Verdes e o FDP, que acabaram de perder um lugar no parlamento de Brandemburgo.
A chamada "coligação semáforo" parece já ter conhecido melhores dias, após quase três anos de mandato. O debate sobre se os liberais permanecerão na coligação governamental ou se a abandonarão, provocando o seu colapso, está a ganhar força.
A cooperação, nomeadamente com os Verdes, é "tóxica" para o FDP, lamenta o vice-presidente do partido, Wolfgang Kubicki, que já apelou várias vezes à saída do FDP do Governo. "Não creio que, com o seu desempenho atual, esta coligação chegue ao Natal", afirmou.
O secretário-geral do FDP, Bijan Djir-Sarai, não fez previsões: "Nos próximos dias, nos comités do FDP, vamos abordar e discutir em grande detalhe e intensidade este resultado, mas também a situação política atual", disse, assegurando que o seu partido encara o futuro "com espírito de luta e otimismo".
O vice-líder do SPD, Lars Klingbeil, também quer que o governo tome decisões. Por exemplo, sobre as pensões, o orçamento de Estado e o direito de asilo, que a coligação irá abordar nos próximos dias.
Olaf Scholz fica atrás de qualquer outro chanceler da Alemanha, quando o assunto é popularidade. No seio do SPD tem-se discutido se será o candidato certo para as eleições federais de 2025. Mas a direção do partido, temendo novas disputas e agitação, deixa claro que não tem dúvidas de que o atual chanceler será o candidato escolhido pelo partido de centro-esquerda.