Egito: Al-Sisi toma posse para terceiro mandato
2 de abril de 2024No poder há uma década, Al-Sissi "prestou hoje juramento sobre a Constituição, nas novas instalações do Parlamento na capital administrativa", a leste do Cairo, referiu o jornal estatal al-Ahram, citado pela agência de notícias AFP.
O chefe de Estado, de 69 anos, iniciará oficialmente este novo mandato na quarta-feira (04.04), mais de três meses após a sua reeleição, com 89,6% dos votos e contra três candidatos pouco conhecidos da população.
Antigo chefe do exército e ministro da Defesa, Al-Sissi orquestrou, um ano antes da sua ascensão à presidência, a demissão do chefe de Estado islamista Mohamed Morsi, na sequência de enormes manifestações populares.
O seu novo mandato, com duração de seis anos, deverá ser o último, de acordo com a Constituição egípcia.
País em crise
O início desse terceiro mandato de Al-Sisi acontece num contexto de uma grave crise económica, marcada por uma enorme inflação e uma escassez de moedas estrangeiras que dificulta o comércio.
No primeiro trimestre de 2024, o Egito beneficiou, no entanto, de um fluxo de vário mil milhões de dólares, incluindo 35 mil milhões de dólares (32,5 mil milhões de euros) dos Emirados Árabes Unidos e uma extensão de cinco mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) de um empréstimo original de três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para os apoiantes de Al-Sissi, este fluxo de divisas estrangeiras deverá revitalizar a economia, mas os observadores continuam céticos em relação a possíveis melhorias sem reformas estruturais destinadas a reduzir o envolvimento do Estado e do exército na economia.
Nova capital
Já a nova capital, que está em construção desde 2015, fica a cerca de 40 quilómetros a leste do Cairo.
Segundo as autoridades egípcias, o presidente Al-Sisi vai prestar juramento no novo Parlamento egípcio, uma gigantesca construção de 110 mil metros quadrados que substituirá o centenário edifício legislativo egípcio no centro do Cairo, inaugurando também o novo escritório presidencial.
"A nova capital administrativa está pronta e apta a receber qualquer evento. A cerimónia de tomada de posse do Presidente Al-Sisi será também uma cerimónia de abertura da primeira fase da capital administrativa", disse esta semana o diretor executivo da NAC, Khaled Abbas.
Com um custo inicial estimado em cerca de 50 mil milhões de dólares (46,4 mil milhões de euros), a NAC está a ser construída numa área desértica do tamanho de Singapura e esta será a primeira de quatro fases a serem concluídas, após a maioria dos ministérios e agências públicas terem sido transferidas para a nova cidade.
Uma vez concluída, a nova capital deverá receber cerca de 6,5 milhões de pessoas e servir para descongestionar o Cairo, cuja área metropolitana acolhe cerca de 30 milhões dos 106 milhões de habitantes do país.
No entanto, o projeto tem sido duramente criticado pela oposição e pelas organizações não-governamentais (ONG), que recordaram que desde o início dos trabalhos da NAC, a dívida externa do Egito triplicou, enquanto um terço da população do país está abaixo do limiar da pobreza, segundo dados oficiais.