Edil de Nampula rejeita auditoria do Ministério das Finanças
19 de novembro de 2020O presidente do Conselho Municipal da cidade de Nampula, Paulo Vahanle, recusou receber uma equipa de auditoria do Ministério da Economia e Finanças, através da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que queria, na última segunda-feira (16.11), dar início a uma auditoria às contas do Fundo do Programa de Redução da Pobreza Urbana (PERPU).
Segundo o autarca da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o Governo central não canalizou o dinheiro em causa: "Em 2018 e 2019 eu não recebi esses fundos [do PERPU]. Como é que sua excelência ministro da Economia e Finanças vai mandar uma equipa auditar um valor que não entrou no município? O que significa?"
Um documento enviado ao município de Nampula, a que a DW teve acesso, com data de 10 de novembro, informava o Governo local sobre o início da auditoria aos fundos do PERPU em Nampula, a 16 de novembro, por despacho do ministro da Economia e Finanças.
Perseguição política?
Paulo Vahanle acusa o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), de perseguição política, afirmando que o Governo "tem intenção de prender o presidente do Conselho Municipal, os vereadores e outros quadros" por serem da RENAMO.
"A pretensão da FRELIMO é resgatar, de acordo com as suas alegações, o município da cidade de Nampula", sublinha.
Nos últimos seis meses, o município de Nampula recebeu e trabalhou com auditores da IGF, delegação de Nampula, em diferentes setores, com destaque para o Balcão Único de Atendimento Municipal, onde a edilidade era alegadamente suspeita de desvio de fundos. No entanto, segundo o autarca, a equipa concluiu o trabalho sem ter apresentado nenhuma conclusão ou recomendação.
Para o edil Vahanle, as auditorias acontecem apenas nos cinco municípios da província moçambicana de Nampula geridos pela RENAMO: "Quando entro em contato com os outros municípios dirigidos pela RENAMO, o cenário é o mesmo, mas nos outros municípios que são dirigidos pelo Governo da FRELIMO não existem lá auditorias", garante.
Intimidação judicial?
O autarca da terceira maior cidade moçambicana queixa-se ainda de mais intimidação a si e aos membros do seu Governo municipal, através das autoridades judiciais. Recorde-se que o Gabinete Provincial de Combate à Corrupção já instaurou processos envolvendo o edil e quadros do município - acusados nos crimes de desvios de fundos, enriquecimento ilícito e falsificação de documentos.
A delegação da IGF em Nampula fechou-se à DW. A equipa de reportagem foi à instituição, mas os funcionários da receção disseram que a delegada não vai falar à imprensa sobre este caso.
Já a FRELIMO, através de Orlando Impissa, secretário do Comité Distrital de Nampula, classifica como falsas as acusações do edil Paulo Vahanle e pede-lhe que colabore com as autoridades neste processo: "A FRELIMO distancia-se das acusações do senhor Vahanle porque ele não pode abdicar das suas responsabilidades e delegar a função de gerir o município acusando os outros", afirmou.
"Consideramos uma acusação falsa. E o partido FRELIMO pauta pela boa gestão municipal. Se a Procuradoria vai ao encontro dos membros que estão a gerir o município é só colaborar. Nós não precisamos usar meios dilatórios para resgatar o município", concluiu Impissa.