Moçambique: Extradição de Chang aguarda decisão da Justiça
25 de julho de 2022Em conferência de imprensa, o ministro da Justiça da África do Sul, Ronald Lamola, anunciou esta segunda-feira (25.07) que "o caso está com o SCA [Supremo Tribunal de Recurso, na sigla em inglês] para argumentação e também para decisão. É onde se encontra o caso", referiu.
Lamola convocou uma conferência de imprensa para atualizar o país sobre os casos de extradição em curso de vários fugitivos à justiça.
Mais tarde, Chrispin Phiri, porta-voz do ministro da Justiça sul-africano, corrigiu a informação.
"Não é o SCA [Supremo Tribunal de Recurso], mas sim um plenário de juízes do 'High Court'. Pedimos desculpas pela confusão", afirmou Phiri em declarações à agência de notícias Lusa.
De acordo com um segundo comunicado também enviado à Lusa por Chrispin Phiri, o Ministério da Justiça da África do Sul salientou que, desde o indeferimento do recurso moçambicano pelo Tribunal Constitucional do país em junho deste ano, "o Governo moçambicano solicitou autorização para recorrer a um plenário de juízes do Tribunal Superior".
"O caso foi ouvido em 20 de junho de 2022 e aguarda-se julgamento", concluiu Phiri.
Caso arrasta-se desde 2018
Manuel Chang foi detido pela Polícia Sul-Africana (SAPS, na sigla em inglês) a pedido do Estados Unidos no aeroporto internacional de Joanesburgo em 29 de dezembro de 2018, a caminho do Dubai, acusado de branqueamento de capitais e fraude financeira, e encontra-se detido na prisão de Modderbee, em Benoni, leste de Joanesburgo
O antigo ministro das Finanças moçambicano é considerado "peça-chave" nas dívidas ocultas do Estado moçambicano contraídas entre 2013 e 2014, à revelia do parlamento, no valor de 2,2 mil milhões de dólares (2,15 milhões de euros, ao câmbio atual), ao assinar as garantias de Estado em nome do Governo do ex-presidente Armando Guebuza.
Os empréstimos ocultos do Estado moçambicano junto do Credit Suisse e do banco russo VTB foram justificados com projetos marítimos das empresas públicas Ematum, ProIndicus e MAM, fornecidos pelo grupo Privinvest, mas que nunca se concretizaram.
Além dos processos que correm em Moçambique, o caso é também alvo da justiça norte-americana, que pretende julgar Manuel Chang na alegada burla internacional multimilionária.
Artigo atualizado às 20h10 (CET) de 25 de julho de 2022, acrescentando a correção sobre quem será responsável pela decisão sobre o caso.