Moçambique: RENAMO pede sessão extraordinária do Parlamento
29 de novembro de 2019"É urgente que o Governo vá à casa do povo explicar-se", disse José Manteigas, porta-voz da RENAMO, o maior partido da oposição, esta sexta-feira (29.11), numa conferência de imprensa em Maputo.
Em causa estão, diz o porta-voz da RENAMO, as recentes referências ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ao ex-Presidente Armando Guebuza e à própria FRELIMO, no julgamento do negociador da Privinvest Jean Boustani, em Nova Iorque, e que está relacionado com as dívidas ocultas.
O partido no poder, FRELIMO, tem referido que se pronunciará sobre o tema, se oportuno, e que o chefe de Estado e presidente do partido "nunca recebeu subornos". Mas, a RENAMO, que chegou mesmo a pedir a demissão do chefe de Estado, considera que é urgente que o Governo vá ao Parlamento falar sobre o caso pois "está em causa o bom nome do país e a credibilidade do Presidente da República que vem sendo citado nas declarações", disse José Manteigas.
As sessões plenárias regulares do Parlamento devem ser retomadas no próximo ano, após a posse dos novos deputados eleitos a 15 de outubro, mas a RENAMO pede uma sessão urgente.
"É prática que a presidente da Assembleia da República responda de forma célere às solicitações das bancas parlamentares", referiu José Manteigas.
Uma vez que o pedido foi feito na quarta-feira (27.11), o partido aguarda que Verónica Macamo, presidente do Parlamento moçambicano, "muito brevemente se pronuncie publicamente".
Ataques no norte perduram
Além das dívidas ocultas, a bancada da RENAMO exige respostas sobre a situação de insegurança no norte do país.
O maior partido da oposição exigiu que o Governo "explique aos moçambicanos" os contornos da violência em Cabo Delgado e apresente a "correspondente solução", concluiu o porta-voz.
A região Norte do país vê-se a braços com ataques de grupos armados desde outubro de 2017, após anos de conflitos latentes entre muçulmanos de diferentes origens, com a violência a nascer em mesquitas consideradas radicalizadas.
Pelo menos 300 pessoas já morreram, segundo números oficiais e da população, e 60.000 residentes foram afetados, muitos obrigados a deslocar-se para outros locais em busca de segurança, segundo as Nações Unidas.
Numa ação concertada com petrolíferas que ali constroem os maiores megaprojetos de gás natural de África, o Governo tem intensificado a resposta militar com apoio logístico da Rússia, mas os ataques continuam.