DW faz 70 anos e não para de ganhar importância
10 de maio de 2023Nestes dias marca-se, na Alemanha, o 70º aniversário da Deutsche Welle, uma empresa dinâmica e com uma história rica e conturbada. Hoje, oferece conteúdos online, áudio e de televisão em 32 línguas diferentes.
As primeiras emissões em língua portuguesa para África foram produzidas em 1975.
As transmissões da DW começaram em plena época da Guerra Fria. E nos últimos anos, essa época, infelizmente, parece ter voltado. Exemplo disso é o facto da DW, na Rússia, ter sido considerada por Moscovo "um agente inimigo", tendo todos os funcionários da DW sido obrigados a abandonar o país.
"Acontece que os média em todo o mundo enfrentam crescentes pressões", diz o diretor-geral da DW, Peter Limbourg. "A pressão sobre a liberdade de imprensa é enorme e, por isso, a tarefa da DW é tão importante quanto sempre foi."
Jornalistas vivem situações complicadas
A divisão de "Segurança em Viagens e Emergências" da DW tem registado um número recorde de solicitações. Isso pode incluir problemas sofridos pelos seus jornalistas numa manifestação da extrema-direita na Alemanha.
Mas a preocupação principal é a segurança dos funcionários em outras partes do mundo, em países como a Rússia ou o Afeganistão, em países em África e na América Latina. Às vezes, alguém é preso temporariamente ou há um ataque misterioso. "Surgem cada vez mais sinais de alerta", contam os colegas desta secção da DW.
Na maioria das vezes, esses casos não se tornam conhecidos na Alemanha. Em fevereiro passado, Jaafar Abdul Karim, o mais conhecido apresentador do programa árabe da DW, e a sua equipa tiveram de cancelar uma produção prevista em Bagdad após ameaças. Em seguida tiveram que deixar o Iraque imediatamente. Abdul Karim disse que tinha sido pressionado mais por altos responsáveis iraquianos. Este caso ilustra a realidade da Deutsche Welle em 2023.
Como tudo começou
Há 70 anos, a DW começou com estas palavras: "Estimados e queridos ouvintes, nos distantes países em que se encontram." Com um discurso de boas-vindas do Presidente Federal Theodor Heuss, a Deutsche Welle foi, pela primeira vez para o ar em 3 de maio de 1953. O objetivo do programa era "transmitir aos ouvintes no exterior uma imagem política, económica e cultural da Alemanha".
Como uma emissora de ondas curtas, a DW, baseada na cidade de Colónia, dedicou-se a esta tarefa e alcançou, inicialmente apenas em alemão, uma audiência considerável em muitas partes do mundo. Em 1954, os primeiros idiomas estrangeiros foram introduzidos. Em 1992, a televisão foi adicionada, seguida em breve pelo conteúdo online.
Dias das ondas curtas ficaram para trás
"Abordamos a digitalização, definimos claramente a estratégia. Tornámo-nos uma empresa internacional de comunicação social com um claro foco no usuário", diz o diretor-geral Peter Limbourg. Hoje, a emissora está cada vez mais centrada na internet, nas redes sociais e nas parcerias internacionais. Limbourg lidera a emissora há nove anos e meio e fortaleceu a sua importância internacional.
O termo emissora representa uma ampla gama de produções e ofertas, incluindo programas de televisão, diversos conteúdos de áudio, notícias online em 32 idiomas e diversas atividades nas redes sociais. Os smartphones estão a tornar-se cada vez mais importantes como dispositivos finais. Os ouvintes de antes agora são, na sua maioria, jovens seguidores.
Velhos problemas, novos desafios
No 70º aniversário, algumas coisas se assemelham à época fundadora, com a difícil situação política a nível global. Novamente se fala em Guerra Fria e a liberdade de opinião e imprensa está ameaçada em todo o mundo.
"O jornalismo internacional enfrenta o grande desafio de permanecer acessível e disponível para as pessoas, porque autocratas em todo o mundo tentam bloquear e às vezes até censurar os nossos conteúdos, e acredito que isso é algo que ameaça o jornalismo internacional", diz Limbourg.
"Aqui, todos nós que acreditamos nos valores democráticos e defendemos a pluralidade no mundo, devemos trabalhar juntos para que possamos continuar a ser acessíveis para os nossos usuários, as pessoas que precisam de nós. Esso é o principal desafio que temos de enfrentar", conclui o diretor-geral.
DW leva a sério a luta contra o antissemitismo
Em 2021, a DW foi acusada de antissemitismo, devido a comentários antissemitas em contas de alguns funcionários da redação árabe nas redes socais. Surgiram também acusações contra emissoras parceiras da DW, sobretudo em países árabes. Erros editoriais na cobertura de Israel no programa atual também foram discutidos. Segundo Limbourg, a DW respondeu decisivamente às acusações e "imediatamente verificou-as externamente".
"Na DW não há lugar para essa mentalidade. Uma investigação independente confirmou que as ofertas editoriais da DW, propriamente ditas, não têm falhas nesse sentido", diz o diretor-geral, que assegura que a DW continua atenta ao problema e foi até introduzida na DW uma série de formatos obrigatórios de treinamento e diálogo "com os quais sensibilizamos todos os funcionários da DW novamente para o assunto e transmitimos os valores pelos quais estamos unidos aqui."
3700 funcionários de mais de 60 nacionalidades
Nas duas cidades, em que a DW está sediada, em Bonn e Berlim, atualmente trabalham cerca de 3700 funcionários de mais de 60 nacionalidades. Assim, a emissora é tão multiculturalmente diversa quanto provavelmente nenhuma outra instituição na Alemanha.
O número de correspondentes em África, Ásia e América Latina também cresceu nos últimos anos. "As pessoas continuam a ouvir-nos", enfatiza o diretor-geral Peter Limbourg.