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Diálogo entre Governo e RENAMO continua na segunda-feira

Leonel Matias (Maputo)25 de maio de 2016

Em Moçambique, o Governo e a RENAMO retomaram esta quarta-feira (25.05) o diálogo, suspenso há vários meses, para resolver a crise política e militar no país. A nova sessão foi marcada para segunda-feira (30.05).

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Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi reunidos em fevereiro 2015Foto: Getty Images/AFP/S. Costa

As delegações do Governo moçambicano e da RENAMO revelaram que no encontro desta quarta feira (25.05) foi definida a metodologia de trabalho da Comissão Mista encarregue de preparar o diálogo entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, para o restabelecimento da paz no país.

O diálogo tinha sido interrompido a 17 de agosto de 2015, após o maior partido da oposição ter-se retirado das conversações que decorreram durante 114 rondas, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do Executivo.

Nos últimos dois meses, a RENAMO vinha exigindo a presença de mediadores como pré-condição para reiniciar o diálogo. O maior partido da oposição já tinha solicitado intervenção da União Europeia, do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e também da Igreja Católica.

Dialog zwischen RENAMO und Regierung in Mosambik
Conversações entre o Governo e a RENAMO em maio de 2013Foto: DW/L.Matias

A RENAMO garante que só aceitou voltar à mesa negocial porque o Presidnete Nyusi, em carta endereçada a Dhlakama na semana passada, não ignora a mediação internacional em fases posteriores.

Jacinto Veloso, da delegação do Governo moçambicano selecionado por Nyusi, assegura que "o encontro decorreu num ambiente muito cordial". "Esperamos que assim continue no futuro”, diz Veloso que garante ainda que estão criadas as condições para a Comissão funcionar.

Violência política em Moçambique

O encontro desta quarta-feira (25.05) acontece numa altura em que se regista um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre as forças governamentais e do maior partido da oposição, para além de ataques a alvos civis, acusações de raptos e assassinatos dos dois lados.

José Manteigas, um dos representantes da RENAMO nas negociações, disse aos jornalistas que a questão relativa ao fim das hostilidades militares é um assunto que "faz parte da substância a tratar a partir da segunda-feira".

Vários segmentos da sociedade moçambicana, assim como a União Europeia, saudaram já a retoma dos contactos entre o Governo e a RENAMO e esperam que o diálogo vise o restabelecimento da paz no país.

RENAMO apelou ao fim dos ataques

Momentos antes do início do encontro da Comissão Mista esta quarta-feira, a RENAMO apelou, durante uma conferência de imprensa, ao fim dos ataques e das ofensivas militares no país.

“Entendemos que é tempo de aliviar o sofrimento dos moçambicanos", afirmou o porta-voz da RENAMO, António Muchanga que acusou ainda as forças governamentais de estarem a desdobrar-se a partir de Macossa, província de Manica, em direção a Satunjira, na Gorongosa, onde se encontra refugiado o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama.

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“Estando neste momento a reiniciar o contacto para o diálogo, é prudente que demonstremos com atos concretos que o diálogo é a principal solução do conflito", garantiu Muchanga. "Devíamos parar com as ofensivas militares que estão a ter lugar na Gorongosa e noutros cantos do país”, apelou.

A tensão político-militar no país segue-se à recusa da RENAMO em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica ter obtido vitória no escrutínio.

As autoridades acusam, no entanto, o maior partido da oposição de estar a levar a cabo ataques contra civis nas regiões centro e norte do país.

O último balanço do Comando Geral da Polícia divulgado esta terça-feira (24.05.) revela que só durante a semana passada registaram-se seis ataques contra civis e autocarros de passageiros nas províncias de Manica, Sofala e Tete.

Anteriormente, a mesma fonte tinha revelado que 6 pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas em ataques registados nos dez dias anteriores, em Manica, Sofala, Tete e Zambézia.

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