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Diretores pedem demissão no principal hospital de Bissau

Lusa
22 de setembro de 2021

Médicos reagiram ao emprego de militares nas suas funções no hospital Simão Mendes, em Bissau. Técnicos da saúde pública guineense entram no terceiro dia de boicote "por tempo indeterminado", sem prestar serviço mínimo.

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Krankenhaus in Bissau
Foto: Gilberto Fontes

Oito diretores de todos os serviços do hospital Simão Mendes, o principal da Guiné-Bissau, demitiram-se das suas funções esta terça-feira (21.09) por discordarem da forma como os seus lugares foram ocupados por militares recrutados pelo Governo.

Os técnicos de saúde pública guineense iniciaram, na segunda-feira, um boicote "por tempo indeterminado", sem prestar serviço mínimo, deixando os doentes nos hospitais e centros de saúde sem assistência.

Perante a situação, que o Governo considerou de criminosa, foram chamados médicos militares para atender os doentes no Simão Mendes.

Guines-Bissau National Krankenhaus Simão Mendes
Diretores revoltaram-se e pediram demissãoFoto: DW/I. Dansó

"Fomos surpreendidos"

Os diretores dos serviços agora demissionários endereçaram uma carta ao diretor-geral do hospital, Sílvio Coelho, para mostrar a sua insatisfação pela forma como os seus lugares foram ocupados por colegas militares.

"Fomos surpreendidos e sem nenhuma informação prévia com a ocupação dos nossos serviços por técnicos militares", lê-se na carta enviada ao diretor-geral do Simão Mendes, a que a Lusa teve acesso. 

Os diretores demissionários são os dos serviços de urgência, ortotraumatologia, medicina interna, cirurgia geral, anestesia e blocos, cuidado intensivo, pediátrico e maternidade. Entre outras exigências, os técnicos de saúde reivindicam o pagamento de salários e subsídios em atraso, o seu enquadramento efetivo no chamado Estatuto do Pessoal de Saúde e melhoria de condições nos centros de atendimento aos doentes de Covid-19.

Fernando Vaz, Minister für Tourismus, Guiné-Bissau
Vaz disse que Governo pondera levar médicos à justiçaFoto: DW/J. Carlos

Levar o caso à justiça

O porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, disse que o Executivo pondera levar à justiça os técnicos de saúde pública que se encontram em greve "por tempo indeterminado", iniciada na segunda-feira (20.09). 

Para o Governo, o comportamento dos técnicos de saúde, que boicotaram os serviços nos hospitais e centros médicos do país, "é um ato criminoso". 

"O Governo tomará as medidas adequadas no quadro da lei aplicável porque a vida de cada cidadão guineense é sagrada e valiosa para este elenco", disse Fernando Vaz, ministro do Turismo. 

Fernando Vaz, que falava em conferência imprensa, ao lado dos ministros da Saúde Pública, Dionísio Cumbá, e da Função Pública, Tumane Baldé, defendeu que "o chamado boicote" de técnicos da saúde "tem motivações políticas inconfessas". 
 

 

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