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Detetado em Angola primeiro caso de encefalite japonesa

Lusa | nn
15 de abril de 2017

Investigadores do Instituto Pasteur, em Paris, anunciaram a descoberta de encefalite japonesa numa amostra de sangue de um angolano de 19 anos, de Luanda, classificando-a como o primeiro caso local da doença em África.

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Culex pipiens Moskito stechend
Foto: Imago

De acordo com o artigo científico publicado pela equipa liderada pelo investigador Etienne Simon-Loriere, o jovem em causa foi internado em março de 2016, no pico da epidemia de febre-amarela que assolou a capital, com sintomas que incluíam febre, cefaleia e icterícia, nunca tendo viajado para o estrangeiro.

O caso clínico, publicado na revista científica "The New England Journal of Medicine", refere que a amostra do sangue do paciente deu positiva para uma variante da febre-amarela relacionada com o surto da doença em 1971 em Angola, ainda no período colonial português.

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Mulher é vacinada contra a febre-amarela na República Democrática do CongoFoto: Reuters/K. Katombe

No entanto, os cientistas ficaram surpreendidos numa fase posterior da análisa durante a sequenciação do ARN, o ácido ribonucleico de alto rendimento, feito em Paris, ao descobrirem a presença de um genoma de encefalite japonesa relacionado com variantes asiáticas da doença.

A encefalite japonesa é uma doença inflamatória do sistema nervoso central e é considerada a principal causa de infeções agudas no cérebro - as encefalites - evitáveis na Ásia e no Pacífico Ocidental.

A forma mais grave da doença pode provocar a morte em 30% dos casos, embora já existam no mercado vacinas disponíveis.

É preciso maior vigilância

Embora a transmissão local do vírus da encefalite japonesa nunca tenha sido documentada no continente africano, a equipa liderada pelo investigador Simon-Loriere refere que a presença em Angola de mosquitos vetores, nomeadamente da espécie "culex tritaeniorhynchus", e de animais hospedeiros como suínos, implica uma vigilância mais apertada.

"O aumento dos níveis de movimento da população entre a Ásia e África pode fornecer oportunidades para agentes patogénicos expandirem a sua área geográfica", alertam os investigadores do Instituto Pasteur de Paris.

Os cientistas frisam ainda que o vírus da encefalite japonesa pode estar já a circular por outros países africanos.

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Campanha de vacinação contra a febre-amarela em Luanda, AngolaFoto: DW/B. Ndomba

Epidemia de febre-amarela

Na mais recente epidemia de febre-amarela em Angola, em dezembro de 2015, foram reportados casos em todas as 18 províncias do país e casos de transmissão local em 12 províncias, naquele que foi o pior surto da doença em 30 anos.

No entanto, em fevereiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da epidemia de febre-amarela em Angola e na República Democrática do Congo, classificando-a como "uma das maiores e mais difíceis" de sempre.

Esta epidemia fez mais de 400 mortos só em Angola. 

A febre-amarela é uma doença hemorrágica viral transmitida pelo mosquito "Aedes aegypti", também transmissor de outros vírus, como o zika ou o dengue.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra esta doença que é fatal em cerca de 50% dos casos.