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Destruição de boletins marca "fim do processo eleitoral"

Lusa
18 de janeiro de 2025

Toneladas de boletins de voto das eleições gerais foram incinerados hoje na Matola, após tribunal recusar recurso da sociedade civil para parar o processo. Sociedade civil vai recorrer.

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Boletim de voto das eleições gerais de outubro em Moçambique
Destruição de boletins de voto marca "fim do processo eleitoral", diz Andrade TImane, diretor do STAE na cidade da MatolaFoto: Alfredo Zuniga/AFP

"Tinha sido marcado para ontem [sexta-feira], com base na legislação. Por causa de questões logísticas não pudemos, só esta manhã estamos a fazer a destruição de material eleitoral (...) boletins de voto válidos, reclamados, protestadas sobrantes e outros materiais", explicou à Lusa, no local da incineração,

Na Escola Industrial e Comercial da Matola, a cerca de 15 quilómetros do centro de Maputo, caixas com boletins de voto e outro material das eleições gerais de 09 de outubro foram descarregadas durante toda a manhã, para ali serem incineradas, todas respeitantes às 1.239 mesas de voto daquela cidade, a mais populosa do país.

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"Cada uma [mesa de voto] levava uma caixa maior e uma pequena, então, são estes materiais que foram manuseados e que agora estão a ser incinerados (...) Vamos trabalhar até ao fim da queima, acredito que por aí até às 20:00 vamos ter isto terminado", disse o diretor, enquanto o fumo da queima tomava conta do recinto da escola, visível à distância.

"É o fim do processo do eleitoral", acrescentou.

Sociedade civil tentou travar incineração

O Tribunal Administrativo Central moçambicano entendeu não ter competência para decidir sobre uma providência cautelar interposta pela sociedade civil, permitindo assim a destruição dos boletins de voto das eleições, disse na sexta-feira à Lusa fonte dos autores da petição.

"O tribunal entende que a matéria em causa é de cariz eleitoral, pelo que não é da sua competência fazer a apreciação", explicou o advogado Ivan Maússe, do Centro de Integridade Pública (CIP), que lidera este processo em representação do consórcio de observação eleitoral Mais Integridade.

Ivan Maússe já tinha explicado, em entrevista à DW, que a destruição dos boletins de voto era uma "destruição de provas".

"Já estamos a preparar a peça para recorrer junto do plenário do Tribunal Administrativo", acrescentou o advogado, sobre a decisão recebida na tarde de sexta-feira.

Mais de 300 pessoas morreram e acima de 600 foram baleadas nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro em Moçambique, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane -- que não reconhece os resultados, alegando "fraude eleitoral" -, os quais degeneraram em violência, saques, pilhagens e destruição de infraestruturas públicas e privadas.

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