Desaparecimento de jornalista gera indignação no Uganda
6 de agosto de 2021As autoridades do Uganda confirmaram a detenção na Turquia de Fred Lumbuye, um conhecido jornalista ugandês e crítico do Presidente Yoweri Museveni. Lumbuye terá sido detido na embaixada do Uganda em Istambul quando tentava renovar o seu passaporte, não sendo conhecido atualmente o seu paradeiro.
A detenção foi confirmada à DW nesta quinta-feira (05.08) pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ugandês, Henry Okello Oryem. Ele justifica que qualquer pessoa que cometa um crime deve sofrer as consequências.
"Quem é ele para pensar que está acima da lei? Todos os ugandeses deviam estar a comemorar que esta pessoa que cometeu um crime foi presa e vai ser levada a tribunal”, declarou.
Fred Lumbuye, muito conhecido pelas transmissões diárias em direto que faz no Facebook, está a ser investigado no seu país por "incitamento à violência". As autoridades ugandesas acusam-no também de difundir mentiras sobre o regime, pelo que já haviam emitido um mandado de captura através da Interpol.
Fred Lumbuye, que é também jornalista, foi um dos profissionais que noticiou, recentemente, a morte do Presidente Museveni, e por isso integra a lista de pessoas que o chefe de Estado ordenou à sua segurança que prendesse.
Prisão de interesse político
No Uganda, a notícia da detenção do influenciador político foi recebida com indignação, com vários ativistas dos direitos humanos e políticos a exigirem que este não seja extraditado para o seu país de origem. Uma destas vozes é a de David Lewis Rubongoya, secretário-geral da Plataforma de Unidade Nacional (NUP, na sigla em inglês), partido do opsicionaista Bobi Wine.
"Não concordamos com tudo o que ele faz, mas sabemos que pelas críticas que tem feito ao Governo, se for entregue ao Uganda não terá um julgamento justo”, defende.
O NUP usou o Twitter para dizer que "Os governos do mundo deveriam proteger os direitos dos dissidentes e exilados políticos que procuraram refúgio nos seus países".
Também Gawaya Tegulle, advogado de direitos humanos, disse à DW que extraditar Lumbuye para o Uganda depois deste declarar que corre risco de vida no seu país é algo que viola as leis internacionais. No entanto, o ativista lembra que "a Turquia não é exatamente conhecida por ser um país que respeita os direitos humanos e o Estado de Direito”.
Ou seja, "eles farão o que as nações desonestas fazem: contornar a lei para alcançar o objetivo de satisfazer os interesses do Uganda”, afirma. Ela ainda acrescenta que o que está em jogo é o interesse político e não a lei e que, portanto, "não há limite para o que poderia acontecer.”
Nas últimas horas, vários fãs e seguidores de Fred Lumbuye têm partilhados mensagens de apoio ao ativista nas redes sociais.