Deputados da RENAMO ouvidos pela Procuradoria
8 de janeiro de 2020A Procuradoria-Geral da República (PGR) ouviu esta quarta-feira (08.01) os deputados José Manteigas, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar do partido, e António Muchanga.
Um quarto deputado, o antigo secretário-geral da RENAMO, Manuel Bissopo, não compareceu à audição evocando dificuldades para se deslocar a Maputo na hora indicada, mas comprometeu-se a colaborar com a Justiça e apresentou um requerimento à Procuradoria em Sofala.
Segundo Muchanga, as audições estão relacionadas com alegações de que os deputados estariam ligados à autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, acusada de realizar ataques no centro do país: "Há um auto tendente a esclarecer a situação [de] senhores que apareceram na Zambézia a citarem alguns de nós como seus financiadores. A Procuradoria-Geral da República está a procurar obter esclarecimentos do que se disse."
"Quem não deve não teme"
Muchanga lamenta ter sido tratado como funcionário da Assembleia da República, quando é deputado e acusa a presidente do Parlamento, Verónica Macamo, de violar o estatuto do deputado ao autorizar a sua audição sem comunicar àquele órgão.
"Vim à Procuradoria por respeito aos moçambicanos, à legalidade, porque também quem não deve não teme. Não tenho problemas de esclarecer o que sei", afirmou Muchanga.
Os jornalistas questionaram Muchanga se isso significava que não tinha ligações com a "Junta Militar", liderada por Mariano Nhongo. O deputado respondeu que isso "não tem pés nem cabeça".
"Eu sou assessor do presidente Ossufo Momade, nomeado depois do Congresso. Não tenho motivo para me juntar a quem declarou que vai matar Ossufo Momade. Eu fui candidato a governador da província de Maputo por aceitação de Ossufo Momade, não tenho motivo para estar contra Ossufo Momade", assegurou.
Muchanga escusou-se, no entanto, a entrar em pormenores sobre os esclarecimentos que prestou na Procuradoria.
O advogado de José Manteigas, Alberto Sabe, rejeitou também entrar em detalhes. Frisou apenas que "a RENAMO nunca se envolveu em ataques e muito menos [José Manteigas]. Ele apareceu sempre como porta-voz do partido".
Detidos supostos membros da "Junta Militar"
Na manhã desta quarta-feira, a polícia em Sofala apresentou alguns dos seis homens, acusados de pertencerem à "Junta Militar", neutralizados no último fim de semana.
Entre os detidos está o antigo presidente da Liga da Juventude da RENAMO em Marromeu, António Bauaze, que admitiu ter recrutado jovens para o grupo: "Para que intenção exatamente não posso explicar, mas tudo está em torno da liderança do partido RENAMO", disse.