Demolições na cidade de Tete opõem município a munícipes
19 de março de 2015São casas que, segundo o presidente do município de Tete, Celestino Checanhadja, foram construídas em lugares impróprios e algumas os seus proprietários não apresentam o "Certificado do Direito de Uso e Aproveitamento de Terra" (DUAT).
Por outro lado, o edil de Tete considera que esta ação tem a ver com processo de ordenamento territorial da cidade: "O que estamos a fazer exatamente é a remoção de infraestruturas mal paradas porque, primeiro, são infraestruturas construídas sem autorização. Não têm autorização para o uso e aproveitamento de terra. Segundo: pelo menos se pudessem construir em lugar mais ou menos aceitável, mas não, estão a construir na estrada. A última posição do Conselho Municipal é pegar num bulldozer e remover, limpar a estrada e deixar a via de acesso livre."
No total, serão demolidas mais de 520 casas consideradas mal paradas, cujo processo já arrancou, e o presidente do município garante que a operação vai ser em todos os bairros da cidade: "É um programa que temos para todos os bairros. Fizemos um levantamento, sabemos onde há problemas."
O bairro Francisco Manyanga é o que tem maior número de infraestruturas a serem demolidas. Até aqui, contabilizam-se quinhentas construções, entre residências de singulares e outras infraestruturas sociais, que segundo o município, estão numa zona propensa às cheias.
Guerra declarada entre município e munícipes
Os residentes daquele bairro refutam a justificação do município, segundo explica Henriques Sainete, um dos moradores: "Desde 1978 que as pessoas vivem aqui, nunca tiveram nenhum apoio, nenhuma população daqui foi pedir apoio por causa das cheias."
Os moradores acusam o município de pretender vender aquela zona e declaram guerra contra a edilidade.
Artur Júlio conta: "Andam aqui estrangeiros nessas baixas, a partir de Chimaza, andam uns sul-africanos numa carrinha branca. Várias vezes eles entram aqui, entram pela via de Babarela, dão voltas e depois dizem que temos que sair."
Outro morador está pronto para defender a sua residência de todas as formas: "É uma guerra mesmo, com azagaias. Enxadas também podem servir, sossegado não há-de ser."
Segundo o edil de Tete, Celestinho Checanhadja, ninguém será indemnizado na sequência das demolições: "Não temos a obrigação de repormos nada em relação àquela infraestrutura removida, não temos nenhuma obrigação. Estamos a usar a força da lei, não estamos a usar a lei da força."