Movimento Lunda Tchokwe denuncia tentativa de silenciamento
21 de abril de 2017Faz este sábado (22.04.) um mês que os ativistas do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe foram detidos na localidade de Cafunfo, na província da Lunda Sul, em Angola. Mas só esta semana começaram a ser ouvidos pela Procuradoria-Geral da República.
Segundo o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, os cinco ativistas são acusados de tentativa de homicídio de um agente da Polícia Nacional, durante a manifestação ocorrida a 4 de janeiro, em Cafunfo.
No entanto, o Movimento nega estas acusações.
José Mateus Zecamutchima, presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, tem uma versão diferente do que aconteceu: "No dia 4 de janeiro, o senhor Rui Lucas [um dos cinco acusados] esteve na manifestação onde havia mais de duas mil pessoas e um polícia, de nome Levi, meteu-se no meio da confusão e foi espancado pela população. A polícia deteve Rui Lucas como retaliação. Mais tarde, no dia 22 de março, rusgaram André Zende e Zeca Samuimba, que são nossos membros no secretariado regional de Cafunfo, e com eles levaram os jovens Cazenga Manuel e Corintio", afirma.
Há um mês, foram também detidas mulheres e adolescentes, que entretanto já foram libertados.
Movimento denuncia maus tratos
Para José Mateus Zecamutchima, as acusações contra os ativistas visam silenciar a organização, que reivindica a autonomia das províncias da Lunda Sul e Norte, Moxico e Kuando Kubango.
O presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe não tem dúvidas de que os ativistas detidos "nunca estiveram envolvidos em tentativas" de homicídio e lembra que nenhum deles possui antecedentes.
"Temos a dizer que o crime que pesa sobre os filhos das Lundas é o território chamado Lunda Tchokwe, que é ocupado indevidamente e que hoje, podemos dizer sem tabu, é um território colónia de Angola", acrescenta.
O líder do Movimento denuncia ainda maus tratos na cadeia contra os membros da organização. Segundo José Mateus Zecamutchima, "Zende foi agredido por quatro vezes, na cadeia, por polícias [...] Samuimba andou doente e não lhe foi permitida assistência médica, e também não está a ser permitido às famílias a entrega de comida aos detidos. Isso são maus tratos. Esses presos são políticos e não delinquentes", acrescenta.
A DW tentou contactar a Procuradoria-Geral da República para falar sobre o assunto, sem sucesso.