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Cruz Vermelha nega suspensão de apoios em Cabo Delgado

9 de junho de 2021

A Cruz Vermelha de Moçambique desmente que tenha sido retirado qualquer apoio a deslocados fora dos centros de reassentamento em Cabo Delgado. E deixa um apelo: deixem os delegados da organização fazer o seu trabalho.

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Cruz Vermelha de Moçambique conta com 126 voluntários em cinco distritos do sul de Cabo Delgado (arquivo)Foto: Reuters/Red Cross Red Crescent Climate Centre/D. Onyodi

Em entrevista à DW África, o delegado da Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) na província de Cabo Delgado, André Nhantabe, desmente a informação publicada esta quarta-feira (09.06) na imprensa moçambicana. A notícia avançava que a CVM teria suspendido a ajuda a deslocados a viver em casa de familiares, para evitar alegados "esquemas" de beneficiação ilícita. "É mau jornalismo", critica Nhantabe.

DW África: Confirma a notícia de que a Cruz Vermelha de Moçambique suspendeu a ajuda humanitária a deslocados que vivem fora dos centros de reassentamento?

André Nhantabe (AN): Não, não há suspensão nenhuma. Vou ter de ligar para o jornalista para ele contradizer isso.

DW África: Sabemos que a Cruz Vermelha está a questionar as listas de beneficiários em bairros de Pemba e que lançou um apelo aos chefes de bairro para que deixem de fazer as listas de beneficiários, porque esse é um trabalho da Cruz Vermelha…

AN: Isso sim. Lançamos um apelo, a dizer que isso não se pode observar. Mas dizer que paramos [com a ajuda], não. Não vamos parar, em nenhum momento vamos fazer isso.

Mosambik IDPs in Cabo Delgado Provinz
Onda de violência que já provocou mais de 714 mil deslocadosFoto: Alfredo Zuniga/AFP

DW África: Porque isso seria agravar ainda mais a crise humanitária na província de Cabo Delgado.

AN: Sim, sim… Não foi isso que nós falamos. O apelo que nós deixamos é que devem deixar os delegados da Cruz Vermelha fazer o levantamento. Não é porque há problemas. Não há problema nenhum aqui. Aliás, mostramos a coordenação que temos com o governo e pedimos que continuem assim, que deixem os voluntários continuar a trabalhar e a fazer os levantamentos.

DW África: Então, como tem sido o vosso trabalho nos bairros de Pemba?

AN: Estamos na prevenção da Covid-19. Os nossos voluntários estão lá, quando recebemos apoios, assistimos as pessoas. E é isso que apelamos, que continue a ser assim. Devemos continuar assim. Não sei se o jornalista [autor da notícia] tem informação de que isso está a acontecer, se tem alguma fonte e quer usar a Cruz Vermelha. Não, não é a Cruz Vermelha que diz.

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DW África: O que a Cruz Vermelha quer é que deixem os delegados fazer o seu trabalho - não querem, por exemplo, uma lista de potenciais beneficiários porque esse trabalho vai ser feito por vocês?

AN: Sim, é isso que se deve fazer. Mas é o que está a acontecer. Vamos com os nossos voluntários e identificamos os beneficiários para dar mais apoios. E é exatamente isso que queremos, que haja continuidade de se observar essa liberdade dos voluntários estarem no terreno a fazer o seu trabalho.

DW África: Portanto, esta ajuda aos deslocados que vivem em casa de familiares e amigos vai continuar da parte da Cruz Vermelha?

AN: Vai continuar. Não podemos parar e nós não paramos. Ele [o jornalista] procurou saber e perguntou: e se descobrirem que há esses infiltrados? Eu disse que se descobrirmos, não podemos sancionar ninguém porque essa não é a nossa missão. O que nós podemos fazer é parar essa distribuição e continuarmos noutro bairro, caso existam problemas. Não significa que parámos a distribuição, não é isso.

DW África: Por acaso, houve algum problema ultimamente que tenha levado a essa notícia?

AN: Não, não há nenhum problema.

DW África: É verdade que por vezes há esquemas para beneficiação ilícita de ajuda humanitária? Já se depararam com casos desses?

 AN: Nós, como Cruz Vermelha, ainda não nos deparamos. O que estou a perceber é que o jornalista talvez tenha alguma fonte, de uma informação que ele tem, porque entrevistou várias pessoas. Porque ele insistiu bastante para que eu dissesse que há isso. Eu disse que não, para nós isso nunca aconteceu. As nossas listas nós é que vamos buscar. É mau jornalismo.

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