Tensão em Moçambique não desanima investidores brasileiros
13 de novembro de 2013Empresários brasileiros estão desde segunda-feira (11.11.) em Moçambique à procura de oportunidades de negócios. A missão, que representa cerca de 60 empresas de diversos setores, pretende conhecer as oportunidades de negócios que Moçambique oferece, tendo em conta a crescente ascensão do mercado nacional.
A visita da missão brasileira a Moçambique acontece numa altura de instabilidade político-militar no país, caraterizada por ataques protagonizados por homens armados, supostamente da RENAMO, o maior partido da oposição.
Mesmo assim, os empresários brasileiros dizem que estão dispostos a investir no país, embora reconheçam o risco, diz Marcos Cavallo, da empresa de exportação e importação de metais: "A gente escuta noticias também, mas é claro que existe um risco para os empresários brasileiros, no sentido de realizar alguma operação aqui e acontecer algum problema. Então há um risco por causa dessa instabilidade militar."
A vontade dos empresários brasileiros em investir no país é expressa nos encontros já marcados com os homólogos moçambicanos de diferentes ramos, como demonstra Marcos Cavallo: "Até agora estamos tranquilos, inclusive está programada uma reunião de negócios com importadores moçambicanos interessados na linha de produtos alimentares e bebidas, e estamos prontos para realizar negócios." A identidade é a "isca" para o negócio
Por seu turno, o empresário Raphael Almeida, cuja empresa é especializada na indústria de alimentos, refere que Moçambique é um mercado impressionante: "O povo moçambicano identifica-se muito com o povo brasileiro, os brasileiro são muito bem vistos pelo povo moçambicano. Este é um mercado que interessa muito aos brasileiros."
Para ele a instabilidade polítco-militar "desencoraja um pouco o investidor, mas o grande investidor. Mas como eu busco pequenas e médias empresas também, então é uma aventura nova vir procurar novos clientes, fazer novos contactos aqui em Moçambique."
Aliás, a embaixadora brasileira em Moçambique, Lígia Maria Scherer, referiu que sob ponto de vista do intercâmbio comercial há ainda muito por fazer.
De acordo com a embaixadora o comércio bilateral registou um crescimento em mais de trezentos por cento.
Sobre a instabilidade político-militar, Scherer reconhece que Moçambique atravessa uma fase difícil, e diz que o Brasil está a acompanhar a situação com toda atenção. E ao mesmo tempo sublinha: "O Brasil reafirma a convicção e confiança de que Moçambique saberá superar esses desafios e sair dessa situação com as suas instituições democráticas estabelecidas e com a sua estabilidade ainda mais consolidada."
Oportunidades para pequenas e médias empresas
O presidente da CTA, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Rogério Manuel, destacou novas áreas de investimento brasileiro: "Atualmente as oportunidades de negócios que se abrem, para além da área dos recursos minerais e hidrocarbonetos, são nos setores de construção, na agricultura e equipamentos diversos que estão em franco crescimento."
Mas a CTA tem interesse também no conhecimento que o Brasil tem na gestão de negócios para catapultar o empresariado moçambicano, como diz o seu presidente Rogério Manuel: "Moçambique precisa aprender com a experiência brasileira para lidar com setores carbonífero e petrolífero de modo a tornar a exportação de recursos inclusiva e fator para a dinamização das pequenas e médias empresas. "
De lembrar que empresas brasileiras têm estado a investir em Moçambique, na exploração dos recuros naturais, como por exemplo a Vale Moçambique que explora carvão mineral na província central de Tete.
O encontro entre os empresários foi promovido pela Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique e faz parte da programação prevista para a Semana do Brasil em Moçambique.