Ministro alemão ameaça demitir-se
2 de julho de 2018O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, ameaçou, este domingo (01.07), renunciar ao cargo na sequência de um conflito interno com a chanceler alemã. Angela Merkel e Seehofer não estão de acordo em relação à política migratória e o ministro admitiu pôr o lugar à disposição e abdicar da liderança da União Social-Cristã na Baviera (CSU), o partido coligado com a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel e os sociais-democratas do SPD.
Seehofer anunciou a hipotética demissão no decurso de uma reunião à porta fechada da CSU, em Munique. Segundo fontes não identificadas do partido, o ministro disse "não ter o apoio necessário" para se manter em funções. As mesmas fontes indicaram que os membros da União Social-Cristã tentaram dissuadir o ministro da demissão.
Aos jornalistas, durante a madrugada, Horst Seehofer anunciou que terá esta segunda-feira novas conversações com a CDU.
"Teremos uma nova reunião com a CDU em Berlim, na esperança de chegar a um entendimento que possa dar capacidade à coligação e ao governo federal de agir. O resto, veremos…"
Agir sozinho ou à escala europeia?
O conflito interno dos conservadores alemães está relacionado com o tratamento dos migrantes que chegam à Alemanha para pedir asilo, mas que já se encontram registados noutros países europeus.
O ministro Horst Seehofer defende o seu reenvio para a fronteira, mas essa opção é rejeitada por Angela Merkel, que teme uma espécie de "efeito dominó" na Europa. A chanceler pretende medidas à escala comunitária.
A ameaça de demissão de Seehofer surge depois da CSU e CDU terem estado reunidas para avaliar o acordo para as migrações alcançado na cimeira do Conselho Europeu de 28 e 29 de junho. No domingo, em entrevista à televisão alemã ZDF, a chanceler Angela Merkel afirmou que as medidas acordadas na cimeira europeia respondem ao pedido do ministro do Interior.
"A soma total de tudo o que concordámos tem o mesmo efeito, essa é a minha opinião pessoal. É claro que a CSU deve decidir se isso é igual para eles", afirmou Merkel. "É, em primeiro lugar e acima de tudo, um acordo sustentável e no espírito da ideia europeia. A Europa funciona a um ritmo lento e ainda não estamos onde queremos. Ainda temos muito trabalho a fazer".
Ainda assim, Seehofer e Merkel continuam a manter entendimentos diferentes sobre a política migratória alemã. A chanceler fez, no entanto, um apelo: "Eu gostaria que a CDU e a CSU continuassem a trabalhar juntas, porque somos uma história de sucesso para a Alemanha."