Crise agudiza-se no MDM de Nampula
19 de abril de 2017Há vários meses que o edil de Nampula, Mahamudo Amurane, tem uma relação turbulenta com o seu partido, o Movimento Democrático de Moçambique. A situação piorou, porém, há duas semanas, quando os membros do MDM na Assembleia Municipal chumbaram uma proposta para a construção de uma Biblioteca Municipal, em homenagem ao primeiro arcebispo de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto.
O edil critica o seu partido por estar a inviabilizar projetos de "vital importância". E avisa que, nas autárquicas de 2018, se vai recandidatar, com ou sem o apoio do MDM.
"Se respirar e tiver a cabeça no juízo como estou tendo agora, naturalmente, podem contar [comigo] na política, mesmo sem o MDM", afirma Amurane, que pretende fica na política ativa "durante 50 anos".
O edil, que integra também a Comissão Política Nacional do segundo maior partido da oposição em Moçambique, não comenta se está a pensar criar o seu próprio partido ou filiar-se noutro, como se tem especulado na autarquia – espera apenas contribuir "para o bem-estar" da população.
Amurane tem afastado vários membros do MDM de cargos públicos, incluindo António Gonçalves, o presidente da Comissão Política Provincial do MDM em Nampula, que chefiava a Empresa Municipalizada de Saneamento. Em substituição, o edil empossou quadros considerados da sua ala.
MDM não parece preocupado
Em entrevista à DW África, o porta-voz do MDM, Sande Carmona, diz que o partido não vai implorar a Amurane para mudar de opinião. Carmona acrescenta que todas as decisões do partido relativamente às autárquicas serão tomadas em dezembro, quando o MDM realizar o seu segundo congresso em Nampula.
"Quem ganhou as eleições em Nampula com o mandato na vigência é o MDM. O partido está a trabalhar no sentido de manter o município de Nampula sob sua responsabilidade. Em devido momento, o MDM saberá como colocar as suas pedras no devido lugar", frisou.
Carmona refere que o partido ainda não foi notificado formalmente sobre a intenção do edil, mas reitera que, se Amurane avançar com uma candidatura independente para as autárquicas, a decisão não será uma "dor de cabeça" para a formação política.