1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
CriminalidadeAngola

Criminalidade em Luanda gera medo na população

15 de janeiro de 2024

Assassinato na via pública de Laurindo Vieira voltou a chocar a sociedade em Luanda. Este domingo, foram detidos alegados autores do crime. À DW, analista diz que reitor pode ter sido "sacrificado".

https://p.dw.com/p/4bF5J
Angola Luanda Skyline

O Serviço de Investigação Criminal de Angola anunciou, este domingo (14.01), a detenção de cinco pessoas - quatro homens e uma mulher - suspeitas de envolvimento no homicídio do sociólogo e reitor da Universidade Gregório Semedo Laurindo Vieira.

No espaço de um mês, este é já o segundo assalto à mão armada que acaba em tragédia, no Patriota, uma das zonas mais nobres de Luanda.

Desta vez, a vítima mortal foi o sociólogo Laurindo Vieira. O ato que se tornou viral nas redes sociais, na última quinta-feira, foi protagonizado por dois indivíduos que se faziam transportar numa motorizada.

"Com o recurso a armada de fogo, [os indivíduos] abordaram o Dr. Laurindo Vieira e fizeram alguns disparos nos membros inferiores. Tendo em conta o sangue que perdeu no local, não foi possível chegar com vida ao hospital e acabou por evoluir para óbito", explicou à imprensa o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor Goubel, acrescentando que o caso está a ser investigado pelo SIC, DIIP e DINFOP no sentido de responsabilizar os autores do crime.

Crítico do Governo

Laurindo Vieira era uma pessoa crítica às políticas públicas da governação angolana. Por isso, levantam-se algumas questões sobre as reais causas do seu desaparecimento físico. Questiona-se, por exemplo, se este assassinato pode estar relacionado com a pista dos gestores bancários ou pelo facto de ser funcionário da secreta angolana.

Lindo Bernardo Tito
Lindo Bernardo TitoFoto: DW/N. Sul de Angola

No entanto, à DW, o analista angolano Lindo Bernardo Tito diz que é prematuro tirar conclusões. Para o também jurista, é necessário "esperar por mais informação para então fazermos uma leitura, não digo correta, mas justa sobre a situação".

Bernardo Tito lembra, porém, que o académico "era uma pessoa com uma independência de pensamento muito amplo" nas suas abordagens. Por isso, não descarta a possibilidade de a sua morte ter sido encomendada.

"Normalmente pessoas dessa natureza, num país como o nosso, não democrático, acabam por ser sacrificadas. Espero que não tenha sido este móbil do crime, sacrificar alguém por diferença de opinião. Mas se for, vai ser uma mancha muito grande para aqueles que têm a responsabilidade de assegurar a segurança de todos nós", constata.

Segundo caso num mês

A 14 de dezembro, um cidadão foi atingido mortalmente também por dois indivíduos a bordo de uma motorizada. Na altura, levaram consigo três milhões de kwanzas (cerca de três mil dólares).

Esta situação, já esta a gerar um sentimento de insegurança no seio da população. Um cidadão ouvido pela DW confirma isso mesmo.

"Não sabes quem é quem. Não sabes quem te está a atender primeiro lá dentro, não sabes quem é que está na fila contigo", diz.

População de Luanda denuncia aumento da criminalidade

As causas da criminalidade em Luanda são várias, mas a pobreza é apontada como um dos principais fatores. 

Aos olhos do analista Lindo Bernardo Tito, o país devia "olhar para todos estes fatores com realismo e encontrar uma solução conjunta - com os que governam e os que são governados”.

Em declarações à Lusa, no dia após o homicídio de Laurindo Vieira, o porta-voz do Comando da Polícia em Luanda, Nestor Goubel, disse que a situação da criminalidade na capital angolana "é estável".

"A situação da criminalidade em Luanda é estável, com algumas incidências. Luanda é uma cidade cosmopolita, dinâmica (...). Tivemos um balanço positivo da segurança pública na passagem de ano, mas ainda assim temos que assinalar esses casos isolados que acabam de alguma forma por beliscar e causar uma espécie de sentimento de insegurança", disse.