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CPLP admite enviar missão a Bissau devido à crise política

14 de dezembro de 2023

O Presidente são-tomense admite que a CPLP poderá enviar uma missão à Guiné-Bissau para "ajudar a resolver" a crise política naquele Estado-membro. Carlos Vila Nova apela ao diálogo entre os órgãos de soberania no país.

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Carlos Vila Nova, presidente rotativo da CPLP, e Zacarias da Costa, secretário-executivo da mesma organização
Carlos Vila Nova, presidente rotativo da CPLP, e Zacarias da Costa, secretário-executivo da mesma organizaçãoFoto: João Carlos/DW

"O momento não é apenas de conselho. O momento é de colaboração". Foi com estas palavras que o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, respondeu à DW quando foi questionado esta quinta-feira de manhã (14.12) sobre a crise política na Guiné-Bissau.

"Os nossos países fizeram a opção de viver em democracia, a Guiné-Bissau também. E em democracia há instrumentos próprios que nos ajudam a ultrapassar as diferenças. Eu nem chamo [a isso] de conflito", comentou o chefe de Estado são-tomense, que detém por dois anos a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no final de uma visita à sede da organização lusófona, em Lisboa.

Umaro Sissoco Embaló, chefe de Estado guineense, decidiu dissolver o Parlamento a 4 de dezembro e criou um governo de iniciativa presidencial, denunciando uma alegada tentativa de golpe de Estado para o derrubar. A situação gerou uma nova crise política em Bissau.

Umaro Sissoco Embaló, chefe de Estado guineense
Umaro Sissoco Embaló, chefe de Estado guineense, dissolveu o Parlamento a 4 de dezembroFoto: Michel Euler/AP/picture alliance

Mas Vila Nova lembrou que, "em democracia, o poder é partilhado". E recordou um comunicado recentemente emitido pela presidência da CPLP, em que pediu estabilidade política e institucional, sendo necessário para isso "o respeito pelos princípios do Estado de Direito democrático e da separação de poderes".

Situação de preocupação

O presidente em exercício da organização lusófona admite que a situação política na Guiné-Bissau suscita "alguma preocupação". Mas "a democracia tem instrumentos" para resolver estes problemas, frisou.

"E daqui, não é um conselho, mas um apelo: que as autoridades, os representantes dos órgãos se consertem, conversem, que encontrarão a melhor solução para a Guiné-Bissau e para o seu povo."

Carlos Vila Nova assegurou aos jornalistas que a CPLP vai continuar a trabalhar para ajudar a Guiné-Bissau a ultrapassar esta crise e que não põe de parte a possibilidade de enviar uma missão da organização com esse objetivo.

"Se chegarmos à conclusão que esta é uma forma de ajudar a resolver o mais rapidamente o problema, optaremos por ela", admitiu.

Apesar de dizer que existem ainda outras soluções para a situação em Bissau, o Presidente são-tomense não adiantou mais pormenores sobre essas outras vias.

Lage in Guinea-Bissau
Alegada tentativa de golpe de Estado a 1 de dezembro deixou a capital guineense num alvoroçoFoto: Alison Cabral/DW

Vila Nova destaca conquistas

Vila Nova foi recebido, esta quinta-feira, em sessão solene pelos embaixadores representados no Conselho de Concertação Permanente da CPLP, na qualidade de presidente em exercício da organização. 

O Presidente são-tomense acabou por enaltecer as conquistas já alcançadas. "Foram muitas. Destaco nos últimos anos a mobilidade [com a presidência de Cabo Verde]. Destaco a necessidade e a compreensão que tivemos de relançar o eixo económico [durante o mandato de Angola] e agora com o enfoque para a juventude [na presidência de São Tomé e Príncipe], que é a maior franja em todos os nossos países", referiu.

O presidente em exercício da CPLP promete trabalhar no sentido de fortalecer a organização em vários eixos perante os desafios que reconhece serem determinantes para melhorar a vida dos cidadãos.

São Tomé e Príncipe assumiu a presidência da CPLP em agosto deste ano, devendo este mandato encerrar em 2025, com uma aposta na temática da "Juventude e Sustentabilidade".

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