Covid-19: ONU defende disponibilização da vacina para todos
1 de fevereiro de 2021A desigualdade entre os países mais ricos e os pobres na distribuição das vacinas contra a Covid-19 tem sido tema de discussão com os países africanos na corrida para conseguir as primeiras doses para os profissionais que se encontram na linha da frente no combate à pandemia.
A secretária-geral adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohammed, defende que a "vacina tem de estar disponível para todos, em todo o lado".
A diplomata, que falava em entrevista à DW, acredita que se as vacinas não estiverem disponíveis para todos "será difícil controlar a pandemia".
"Não veremos o fim das paralisações nas nossas economias. E todos sabemos que a pandemia da Covid-19, é muito mais do que uma crise sanitária, é uma crise socioeconómica", diz.
Amina Mohammed lamenta que a iniciativa global, COVAX, não esteja a produzir resultados desejados. A Secretária-Geral Adjunta da ONU diz que é preciso que se disponibilizem recursos financeiros.
Recomenda que "os excedentes sejam imediatamente partilhados pelos trabalhadores da linha da frente em todo o mundo", em países mais vulneráveis. "A produção da vacina, não é suficiente", complementa.
Vacinas para um terço do continente
Estima-se que África precisará de 1,5 mil milhões de vacinas para imunizar 60% da população no continente. Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o COVAX e a União Africana, em conjunto, só conseguirão fornecer doses para cerca de um terço do continente este ano.
A União Africana anunciou ter já assegurado 670 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 para os seus estados membros, sendo que as primeiras 50 milhões de doses chegarão ao continente entre abril e junho deste ano.
Enquanto isso vários países africanos, por meios próprios, têm estado a encomendar vacinas para os profissionais que estão na linha da frente no combate à pandemia, com destaque para as equipas médicas.
A secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, acredita que ainda neste primeiro semestre deste ano, vários países africanos já estarão em processo de vacinação. Neste fiM de semana, dois países africanos - Argélia e Marrocos - iniciaram com campanhas de vacinações, para os profissionais da saúde e as pessoas consideradas de risco.
Também o presidente da União Africana, o sul-africano Cyril Ramaphosa, lançou um apelo aos "mais poderosos” que libertem as vacinas que "açambarcaram".
"Libertem o excesso de vacinas que encomendaram e acumularam. Estamos profundamente preocupados com o problema do nacionalismo das vacinas. Temos de agir em conjunto no combate ao coronavírus porque ele afeta-nos a todos da mesma forma", desafiou.