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Covid-19: Mutação do vírus não é motivo para pânico

Amós Fernando | Alexander Freund | com agências
22 de dezembro de 2020

A descoberta de uma nova variante do vírus da Covid-19 tem estado no centro das atenções em todo o mundo e tirado o protagonismo às primeiras campanhas de vacinação. A nova variante "pode ser travada", diz a OMS.

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Südafrika Corona-Pandemie Johannesburg
Foto: Luca Sola/Getty Images/AFP

Na reta final do ano, marcado pela pandemia da Covid-19, o mundo encheu-se de esperança com o anúncio da vacina contra o vírus que mudou as nossas vidas. Agora a descoberta de uma nova variante do novo coronavírus vem ofuscar as "boas notícias” sobre a aprovação de vacinas e consequentes campanhas de vacinação que já arrancaram em países como o Reino Unido e os EUA.

A mutação já foi identificada, pelo menos, no Reino Unido, na Dinamarca, Holanda, Austrália e África do Sul e faz com que o vírus se espalhe de forma rápida entre as pessoas sendo "altamente contagioso".

Sendo um dos países com maior número de casos provocados pela nova variante do vírus, O Reino Unido está isolado tendo a Europa "fechado portas” ao país e aos seus viajantes. Uma decisão considerada acertada pelo virologista britânico Julian Tang da Universidade de Leicester:

"Qualquer pessoa que já lá esteja a espalhar o vírus continuará a espalhar o vírus mas não terá este fluxo maciço de pessoas que transportam o vírus para a população europeia”, frisa.

Data visualization COVID-19 New Cases Per Capita – 2020-12-16 – Africa - Portuguese (Africa)
Média de novos casos

Nova variante é mais perigosa?

São ainda poucas as informações fiáveis divulgadas sobre a última mutação do vírus e o facto de se transmitir mais facilmente não significa, necessariamente, que seja mais perigosa.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) defendeu nesta segunda-feira, (21.12), que a nova variante ainda não está fora do controlo.

Israel Tel Aviv | Coronavirus | Impfstoff Pfizer-BioNTech
Foto: Ariel Schalit/AP Photo/picture alliance

"Mesmo que o vírus se tenha tornado um pouco mais eficiente na sua propagação, o vírus pode ser travado, pode ser suprimido, e são exatamente as mesmas intervenções, exatamente os mesmos comportamentos”, explicou o director executivo do Programa de Emergências de Saúde.

De acordo com o virologista do Hospital Charite em Berlim, Christian Drosten, a mutação agora confirmada, espalhou-se há muito tempo pela Europa continental e outras partes do mundo e na Inglaterra está presente pelo menos desde o final de setembro. As mutações são comuns, garante, e esta não é motivo para pânico.

As novas vacinas agora são ineficazes?

O Reino Unido foi o primeiro país da Europa Ocidental a iniciar uma campanha de vacinação em larga escala mas a mutação recém-registrada não tornará as novas vacinas ineficazes. Essas vacinas são todas projetadas para codificar a informação para a proteína spike do coronavírus de tal forma que ela ainda estimule o sistema imunológico, apesar da mutação, disse o virologista Christian Drosten.

Felizmente, são necessárias mais do que algumas mutações para que um vírus tenha as suas proteínas alteradas de modo a que possam contornar a proteção imunológica. As vacinas ainda funcionarão, portanto, embora possam precisar de ajustes adicionais no futuro.

Em África, a África do Sul é, até agora, o único país com relatos de casos causados pela nova variante do vírus. Especialistas locais alertam que esta variante pode estar na origem do ressurgimento da doença com maior número de casos confirmados, hospitalizações e mortes.

Em resposta o Governo sul-africano decidiu impor medidas de restrições que incluem dias e horas limitados para o comércio e o encerramento de praias em áreas identificadas como pontos críticos.

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