Covid-19: Médicos e enfermeiros cubanos chegam a Maputo
25 de janeiro de 2021Moçambique regista, especialmente desde o início do ano, um aumento exponencial do número de casos positivos de Covid-19 o que levou, inclusivamente, o Presidente Filipe Nyusi a anunciar o agravamento das restrições no país.
Catorze médicos e enfermeiros cubanos, ligados ao setor dos cuidados intensivos, chegaram este domingo, (24.01), a Maputo para reforçarem as equipas de combate à Covid-19. Outros 31 profissionais são esperados no dia 2 de fevereiro.
"Este grupo vai reforçar a atenção [no combate] à Covid com tudo o que estamos a viver agora com o aumento do número de casos no país e vai permitir também trabalhar com a equipa de saúde cubana que se encontra em Moçambique”, explicou Manuel Remédios, membro da missão cubana em Moçambique.
O ministro da Saúde, Armindo Tiago, alertou já para os perigos do agravamento da atual situação e admitiu a possibilidade de um eventual recurso à "medicina de catástrofe”, que consiste em ter de decidir sobre quem deve ser atendido num cenário em que há dois ou mais doentes a necessitar de assistência médica imediata.
A missão cubana quer contribuir para inverter este cenário, segundo afirmou a médica Jane Hernandez na sua chegada a Maputo: "A expetativa é trabalhar para tratar de combater a Covid 19”.
Contratação deve ser transparente
O Observatório do Cidadão para a Saúde, uma organização da sociedade civil, saúda a deslocação a Maputo dos especialistas cubanos, mas defende que a sua contratação deve ser transparente.
Em declaraçoes à DW África, o diretor Jorge Matine recordou que em alguns países registaram-se "grandes debates" devido aos alegados custos que tal operação representa.
À sua chegada a Maputo, a equipa de saúde cubana fez testes da Covid-19 e em caso negativo podem começar a trabalhar ainda esta semana.
Número de camas nos hospitais começa a escassear
"O país, neste momento, está numa fase crítica naquilo que é o manejo de casos", frisou o diretor nacional de Saúde Pública em Moçambique. Ussene Isse afirmou que o desgaste dos profissionais de saúde na luta contra a Covid 19 é enorme do ponto de vista físico, psicológico e emocional.
"A título de exemplo, nós temos cerca de 1.215 trabalhadores de saúde contaminados, em internamento, em isolamento", sublinhou.
Todos os médicos e enfermeiros cubanos recém-chegados vão trabalhar na capital, Maputo, o epicentro da doença, em termos quer de novas infeções, quer de internamentos e de óbitos.
O número de camas disponíveis para os casos de Covid-19 na capital está a escassear tanto no setor público como no privado, de acordo com as autoridades.
Para o diretor nacional de Saúde Pública, Ussene Isse, não há dúvidas de que "ter estes recursos é uma mais valia para o país". "Vamos ter uma resposta cada vez melhor e com eficiência naquilo que é o tratamento dos doentes", concluiu.