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PolíticaAlemanha

Como reagirá a Alemanha ao novo encerramento parcial?

ms | DW (Deutsche Welle) | com agências
29 de outubro de 2020

As infeções por coronavírus na Alemanha subiram para um novo máximo de 16.774 nas últimas 24 horas. Para tentar travar a pandemia, o Governo de Angela Merkel anunciou medidas mais drásticas. Como irão reagir os cidadãos?

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A chanceler Angela Merkel foi hoje ao Parlamento defender as novas medidas anunciadas pelo GovernoFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

"As medidas que agora adotamos são adequadas, necessárias e proporcionais", defendeu esta quinta-feira (29.10) a chanceler alemã, num discurso no Parlamento, em Berlim, várias vezes vaiado pela bancada do partido partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD).

Angela Merkel criticou "as mentiras e desinformação" que circulam sobre a pandemia de Covid-19 e considerou irresponsáveis as manifestações contra o uso de máscaras que se multiplicam na Alemanha.  

A chanceler alertou também para os quatro meses longos e difíceis que se avizinham. "O inverno será difícil, mas vai acabar", disse a chanceler no Parlamento, um dia depois do anúncio de novas medidas mais restritivas para travar a pandemia.

As negociações na quarta-feira (28.10) duraram mais de quatro horas. No final, a chanceler alemã anunciou que o seu Governo e os poderes regionais chegaram a acordo sobre o encerramento parcial, a partir do dia 2 de novembro, de restaurantes, bares e teatros, além da suspensão da oferta cultural.

Deutschland | Coronavirus | Symbolbild Gastronomie
Restaurantes na Alemanha voltam ao encerramento parcialFoto: Jens Kalaene/dpa/picture-alliance

"Enquanto for possível", irão manter-se abertas as escolas e o comércio. Merkel pediu também que sejam limitados ao mínimo os contactos sociais e apelou à população para evitar também viagens desnecessárias.

Os jogos de futebol voltam a decorrer sem público nos estádios. Todas as atividades desportivas em espaços fechados deverão ser interrompidas nas próximas quatro semanas. Ginásios e piscinas públicas também deverão ser fechados.

Não haverá, no entanto, novos controlos nas fronteiras nacionais. As manifestações continuarão a ser permitidas, tal como os serviços eclesiásticos.

A Alemanha volta a tomar medidas mais drásticas contra a pandemia, face ao elevado aumento de casos de Covid-19.  "Temos de agir, e agora, para evitar que o país entre em emergência sanitária nacional", sublinhou a chanceler alemã alemã no final da videoconferência com os responsáveis dos 16 governos federais.

Subida vertiginosa de casos

As infeções por coronavírus na Alemanha subiram para um novo máximo de 16.774 nas últimas 24 horas, com mais 89 mortes num só dia, enquanto o número de casos ativos subiu para cerca de 131.500, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Robert Koch (RKI), a principal entidade epidemiológica do país.

Mais de 11 mil casos de Covid-19 na Alemanha em 24 horas

"Podemos dizer que o nosso sistema de saúde pode lidar com o desafio hoje. Mas, se o ritmo das infeções continuar assim, chegaremos ao limite", sublinhou Angela Merkel.

O Governo alemão também anunciou um novo programa de ajuda de emergência, que poderá atingir os 10.000 milhões de euros, para apoiar os setores económicos afetados pelo endurecimento das restrições.

Os apoios serão atribuídos para compensar a perda de receitas que as novas restrições vão provocar a partir da próxima segunda-feira (02.11).

Nova onda de protestos?

Depois do anúncio das decisões, questiona-se se os cidadãos irão aceitar as novas regras ou contestá-las. Durante a primeira onda da pandemia, na Primavera, a Alemanha foi vista como muito disciplinada. A maior parte da população apoiou as medidas, ficou em casa, reduziu os contactos. Jornais como o "Neue Zürcher Zeitung" chegaram a referir-se ao país como o "aluno modelo da Europa".

No entanto, houve e continua a haver protestos em várias cidades. Recentemente, o edifício do Instituto Robert Koch, em Berlim, foi atacado. E enquanto decorriam as negociações no gabinete da chanceler, milhares de representantes dos setores da indústria de eventos, hotelaria e turismo saíram às ruas para chamar a atenção para a atual crise que ameaça a sua existência. Serão presságios de uma grande onda de protestos?

Berlin Proteste | Event-Branche gegen Corona-Maßnahmen
Protestos contra as medidas restritivas continuam em BerlimFoto: Hannibal Hanschke/REUTERS

Até agora, os organizadores das manifestações não conseguiram "transformá-las num movimento de protesto verdadeiramente organizado e em rede", diz o investigador Edgar Grande, do Centro de Investigação de Ciências Sociais de Berlim (WZB).

No entanto, há inquéritos que mostram que existe um "considerável potencial de protestos", sublinha Edgar Grande. No geral, uma em cada dez pessoas está preparada para participar em manifestações contra as medidas anti-coronavírus.

Ou seja, existe uma "minoria significativa" que não deve ser ignorada. Este potencial de protesto pode ainda subir "se o círculo dos afetados, como o setor da restauração ou da cultura, aumentar", explica o investigador.