Covid-19: Cabo Verde já gastou mais de 154 milhões de euros
2 de outubro de 2020"Só em relação a 2020, olhando para a toda a intervenção do Estado - na educação, saúde, proteção dos empregos e produção dos rendimentos - estamos a falar de mais de 17 milhões de escudos (154 milhões de euros), representa cerca de 14% do PIB", disse esta quinta-feira o ministro cabo-verdiano das Finanças Olavo Correia.
O ministro, que falava em conferência de imprensa, na cidade da Praia, após ter apresentado a proposta de Orçamento do Estado para 2021 ao presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, disse que são gastos diretos que o país continua a incorrer.
"E a cada dia que a economia continua confinada, os gastos tenderão a aumentar-se", prosseguiu o também vice-primeiro-ministro, que prevê uma "insustentabilidade futura", se o país não conseguir controlar a pandemia.
Cabo Verde regista uma acumulado de 6.126 casos da doença desde 19 de março, dos quais 61 óbitos, 5.338 recuperados, dois doentes transferidos para os seus países e 725 casos ativos.
Neste sentido, Olavo Correia pediu a todos para terem um "comportamento adequado", para colocar a propagação do vírus a níveis que sejam suportáveis e pagináveis com as recomendações internacionais.
Crise económica
Cabo Verde vive já uma profunda crise económica provocada pela pandemia, com o setor do turismo, que garante 25% do PIB, parado desde março, com perdas que podem chegar aos 70%.
Para o próximo ano, o Governo prevê o aumento do número de turistas, entre 22% a 35%, dependendo do quadro epidemiológico, quer no país, quer no mundo.
A proposta de Orçamento de Estado para 2021 é de 706,4 milhões de euros, um aumento de 27,3 milhões de euros em relação ao orçamento ainda em vigor e elaborado por causa da Covid-19.
Depois de um recessão histórica entre 6,8% e 8,5% este ano, o instrumento de gestão prevê um crescimento de 4,5%, mas só se o país conseguir controlar a pandemia da Covid-19, disse o ministro.
Para o próximo ano económico, o Governo cabo-verdiano prevê ainda uma inflação de 1,2%, défice orçamental ainda negativo (-8,8), uma taxa de desemprego a reduzir de 19,2% para 17,2% e uma dívida pública de 145,9% do PIB.
Além disso, no próximo ano, Cabo Verde prevê gastar mais de 176 milhões de euros com o serviço da dívida, um máximo histórico, segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2021.