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Congresso do PAIGC mergulhado em crises

Braima Darame (Bissau)3 de fevereiro de 2014

O VIII Congresso do PAIGC começou no norte da Guiné-Bissau com polémicas e divisões que impedem o desenrolar do trabalho. É neste encontro onde será eleito o novo presidente do partido em substituição de Carlos Gomes Jr.

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Apoiante do PAIGC com a bandeira do partido durante a eleições de 2009Foto: picture-alliance/dpa

Com três dias de atraso, o oitavo congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a força política mais votada no Parlamento da Guiné-Bissau, começou neste domingo (02.02.) em Cacheu, no norte do país, com polémicas provocadas pelas divisões internas.

O congresso junta 1.200 delegados para discutir os estatutos e escolher uma nova liderança, substituindo Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de abril de 2012.

O ponto da discórdia é que nos estatutos em vigor existe um secretário nacional com funções administrativas, sendo o presidente quem dirige o partido e encabeça a lista às eleições legislativas - cenário que o candidato Braima Camará quer manter.

Outra proposta defende que o PAIGC passe a ter um secretário-geral que seja cabeça-de-lista nas legislativas, passando o presidente a dedicar-se só ao partido - opção dos candidatos à presidência Carlos Correia e Satu Camará e de outros concorrentes à liderança que pretendem ocupar o cargo de secretário-geral: Domingos Simões Pereira, Aristides Ocante da Silva, Cipriano Cassamá e Daniel Gomes.

Discutem-se pessoas no lugar de projetos

Domingos Simões Pereira, ex-secretário executivo da CPLP e candidato a presidência do PAIGC
Domingos Simões Pereira, ex-secretário executivo da CPLP e candidato a presidência do PAIGCFoto: DW

O analista Rui Landim justifica as divergências internas que impedem o desenrolar dos trabalhos, com o facto de o partido estar numa fase de transição: "Todos ouvimos que os debates se resumiram em discussões sobre pessoas sem se falar verdadeiramente do projeto do partido, para que ele possa servir o país."

Para Rui Landim, "é preciso que se faça isso e abstrair-se dos interesses de grupos de pessoas alheias aos interesses da nação." Segundo o analista, a situação caminha para "uma certa irracionalidade."

Dirigindo-se aos congressistas, o presidente em exercício, Manuel Saturnino da Costa, pediu a coesão interna na abertura dos trabalhos.

Em Cacheu, está também uma delegação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), encabeçada por Cristóvão da Cunha, membro do "bureau" político do partido que governa Angola.

"Temos acompanhado os esforços que o vosso partido tem feito para a estabilidade de Guiné-Bissau e o seu desenvolvimento livre do desemprego, da fome, das doenças e da pobreza", declarou no congresso o representante daquele partido.

Carlos Gomes Júnior quer a liderança

Na opinião de João de Barros, editor do Jornal Diário de Bissau, o PAIGC sairía dividido do congresso. "Se Braima Camará ganhar haverá ruptura, se Simões Pereira ganhar também haverá ruptura, portanto, é uma situação mais complexa. É evidente que há uma tendência clara de voto religioso", argumenta.

Portugal Guinea Bissau Raimundo Pereira und Carlos Gomes Junior in Lissabon
Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto pelos militares em 2012 e atual presidente do PAIGCFoto: picture-alliance/dpa

Na semana passada, Carlos Gomes Júnior, presidente cessante pediu que o partido lhe escolha como o seu candidato às presidenciais de 16 de Março e anunciou o seu apoio a candidatura de Domingos Simões Pereira.

Este, por sua vez, disse que é "positivo", mas "dispensável" o apoio de Carlos Gomes Júnior, também conhecido por Cadogo, que pore sua vez já disse que pretende regressar ao país para se candidatar à Presidência da República nas eleições.

Nesta terça-feira (03.02.), o Presidente interino do país, Serifo Nhamadjo, convidou todos os atores políticos a analisarem o adiamento, ou não, das eleições gerais marcadas para o próximo dia 16 de março. O recenseamento já foi prolongado por tempo indeterminado.

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