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Confrontos entre vendedores informais e polícia em Maputo

13 de março de 2020

A capital moçambicana foi esta sexta-feira palco de protestos de vendedores informais, que não querem sair dos passeios onde trabalham. A polícia foi chamada a intervir e disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha.

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Foto: DW/R. da Silva

A baixa da cidade de Maputo, a zona comercial da capital de Moçambique, acordou esta sexta-feira (13.03) debaixo de protestos de vendedores informais. Os comerciantes recusam-se a aceitar a ordem de retirada dos passeios, dada pelo Conselho Autárquico de Maputo há seis meses.

Os manifestantes bloquearam as ruas e avenidas da baixa da capital e partiram vidros de algumas lojas. O comércio esteve encerrado toda a manhã e foi impedida a circulação de viaturas.

A polícia de intervenção rápida foi chamada ao local para repor a ordem e disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha. A polícia também teve de retirar as barricadas montadas pelos manifestantes logo nas primeiras horas da manhã.

Confrontos entre vendedores informais e polícia em Maputo

A vendedora informal Maria Rafael trabalha na baixa da capital e não esconde a sua frustração com a atitude do município de Maputo.

"Estamos a ser retirados dos passeios e não sabemos para onde vamos. Primeiro, deve construir um mercado para nos mostrar que está aqui", sugere.

O vendedor Carlos Zacarias disse que exerce a atividade informal na baixa desde 1993, quando o governo autárquico começou a fazer promessas de determinar o espaço para os vendedores informais. Mas isso nunca aconteceu: "Nunca o governo fez alguma coisa por nós. Agora estão a retirar as pessoas. Com esta situação, o que vão fazer as pessoas para suportar as suas despesas?"

Vendedores exigem mercados para sair dos passeios

Ricardo Carlos, outro vendedor informal, diz que a condição para saírem dos passeios passa pela construção de mercados que alberguem todos os informais. "Os mercados estão cheios. Ouvi dizer que deviam sair para Xiqueleni [um dos maiores mercados informais de Maputo] ou ir para o mercado grossista [do Zimpeto]. Mas são locais que já estão preenchidos", lembra.

Mosambik | Informelle Verkäufer protestieren in Maputo
Protesto de vendedores informais na baixa de MaputoFoto: DW/R. da Silva

Os vendedores informais lamentam a atitude do município, que diariamente cobra uma taxa de ocupação do espaço num valor correspondente a 0,6 cêntimos de euro.

Para tentar solucionar o problema, houve uma reunião entre o município e os vendedores informais, da qual saiu a promessa do executivo de Eneas Comiche de arranjar um espaço para o exercício da atividade.

O vereador da Economia Local no Conselho Autárquico de Maputo, João Munguambe, disse que os vendedores informais concordaram retirar-se dos passeios. "Estamos a trabalhar com a liderança dos informais para mostrar os locais nos mercados e mostrar outros lugares que possam acomodar maior número de vendedores", assegura.

O município prometeu analisar o pedido feito pelos informais que querem mais tempo para preparar a sua retirada dos passeios. "Este pedido é legítimo, na medida em que eles não têm conhecimento do trabalho que já se iniciou com as suas lideranças. De qualquer forma, a nossa responsabilidade neste encontro era auscultar e ouvir as preocupações", diz.