"Combate à corrupção em Angola não pode ser feito apenas no país"
Transparência, combate à corrupção, falta de democracia e liberdade de imprensa e apelo ao investimento sério em Angola foram as bandeiras que Isaías Samakuva defendeu em todos os encontros políticos e empresariais realizados durante a sua visita a Portugal, a última etapa de um périplo por vários países europeus e pelos Estados Unidos.
Nesta digressão, o líder da UNITA denunciou a governação do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e lançou um apelo à comunidade internacional no sentido de pressionar o Governo angolano para que o povo beneficie do desenvolvimento económico.
Samakuva diz que veio alertar os parceiros de Angola para a corrupção no país. "O combate à corrupção em Angola não pode ser feito apenas no país, já que ela se expande além das fronteiras angolanas", disse o dirigente angolano. "Pedimos maior atenção para este aspeto, porque senão estaremos a ajudar o crescimento desta corrupção."
Segundo Isaías Samakuva, as instituições e governos de países parceiros não ignoram o que se passa em Angola, mesmo no que toca à violação dos direitos humanos. A UNITA constata, no entanto, que há um certo receio por parte desses parceiros em denunciar tais práticas, que se traduz na defesa dos respetivos interesses económicos.
No plano interno, Isaías Samakuva defende antes a necessidade de credibilizar a Justiça.
"O sistema judicial também está, de certo modo, afetado pela situação geral que se vive em Angola. E, se for credibilizado, pensamos que também poderá ajudar no combate à corrupção."
Preparar as eleições
Tal como em Washington, Londres, Bruxelas, Berlim, Paris e Madrid, o líder da UNITA transmitiu aos portugueses a sua posição sobre a situação política, económica e social em Angola nos vários encontros que teve com homens de negócio, autarcas, os principais partidos políticos (PSD, CDS e PS), entre outras instituições.
No último dia em Portugal, a comitiva esteve na região Norte. Samakuva foi o orador principal na conferência "Dinâmicas de Estabilidade e Governação em Angola", organizada pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto.
O político angolano aproveitou para fazer um balanço da "tournée", cujo objetivo é também preparar as próximas eleições legislativas, presidenciais e autárquicas.
"Já aprendemos que, afinal, a preparação das eleições começa no dia em que terminam as outras", referiu. A ambição de Samakuka é trabalhar no sentido de levar o partido à vitória. "Por isso, temo-nos desdobrado, tanto em Luanda como no resto do país, a explicar e formar até agentes eleitorais, para que as próximas eleições corram da melhor forma."
Diáspora
No passado domingo, dia depois de ter aterrado em Lisboa, o dirigente da UNITA encontrou-se com a comunidade angolana, militantes e amigos de Angola.
"Os angolanos sentem-se, de certo modo, abandonados na diáspora", realçou Samakuva. "Nem o Governo, nem os partidos da oposição têm feito o suficiente para se inteirar das suas preocupações e ansiedades."
O líder da UNITA disse que regressará a Luanda com um sentimento de dever cumprido, certo de que conseguiu transmitir a mensagem da necessidade de uma mudança de regime, que volte a privilegiar a democracia em Angola.