Com novo primeiro-ministro, Armando Guebuza articula sucessão presidencial

O Presidente Armando Guebuza conferiu posse ao novo primeiro-ministro, Alberto Vaquina, menos de 24 horas após o anúncio da nomeação deste para o cargo.

Alberto Vaquina, que na altura da sua nomeação era governador da provincia central de Tete, onde se encontram algumas das maiores reservas de carvão mineral do mundo, substitui no cargo Aires Ali, que se encontrava em funções desde janeiro de 2010.

Para além do chefe de governo, esta terça-feira (09.10) tomaram posse quatro ministros, um vice-ministro e quatro governadores provinciais, nomeadamente das regiões administrativas de Tete (centro), Sofala (centro), Nampula (norte) e Zambézia (centro).

Guebuza disse que esta remodelação é o primeiro passo da implementação das medidas decorrentes das reflexões políticas que a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), o partido no poder, iniciou em março último e que foram chanceladas no décimo congresso da formação partidária, há duas semanas.
Um congresso em que o actual primeiro-ministro, Alberto Vaquina, foi eleito para a comissão política do partido, o que o seu antecessor, Aires Ali, não conseguiu.

Vaquina quer cumprir programa de governo

O novo primeiro-ministro disse à imprensa que o seu compromisso é continuar com a implementação do plano quinquenal do governo, mas escusou-se a indicar, de imediato, as áreas que vai privilegiar.

Vaquina afirmou que vai "continuar com o trabalho que estava a ser desenvolvido pelo antecessor, para que todos nos empenhemos para a luta contra a pobreza, melhorando, cada um aquilo que é a sua própria vida".

O presidente moçambicano destacou, igualmente, a implementação do plano quinquenal do governo como prioridade do novo elenco. Segundo Armando Guebuza, o executivo o "compromisso com o combate ao burocratismo, ao espírito do 'deixa andar', à corrupção e ao crime, bem como a outros obstáculos ao nosso desenvolvimento, continua inabalável".

Aires Ali disponível para a FRELIMO

Aos meios de comunicação social, o primeiro-ministro cessante, Aires Ali, afirmou que continua disponivel para receber as novas tarefas que lhe forem atribuidas pela FRELIMO.

Ali garante: "Dei a minha contribuição. Agora, é a vez de eles [o novo governo] fazerem e eu auguro muito sucesso. Eu recebi tarefas do partido e continuo pronto, disponível para fazer as tarefas que o partido me deu".

Primeiro-ministro desde janeiro de 2010, Aires Ali vinha sendo muito citado como um potencial candidato a sucessão de Armando Guebuza na Presidência da República, em 2014, já que o atual chefe de Estado cumpre atualmente o segundo mandato e não pode ser reeleito.

A este propósito, Aires Ali negou que a sua destituição signifique um ponto final no seu trabalho: "Não acredito que seja interrupção [do mandato]".

Ali prossegue, afirmando que a sua "missão era colaborar com o presidente da República no cumprimento do manifesto [do partido] e do programa do governo. Este programa está em curso, tivemos momentos difíceis, mas também tivemos momentos muito bons, o país está a caminhar muito bem, estamos a ter uma série de infraestruturas a serem realizadas, perspectivas excelentes".

Movimentações estratégicas

A presente remodelação ministerial constitui a manchete do dia nos média moçambicanos. Parte da imprensa considera que o primeiro-ministro cessante Aires Ali mantém intactas as hipóteses de chegar a presidente e que a sua cessação de funções era uma forma de resguardar a sua imagem para concorrer em 2014 à Presidencia da República.

Para outros veículos da imprensa moçambicana, o atual presidente da República, Armando Guebuza, está a montar a sua máquina governativa para 2014, em que o recém nomeado primeiro-ministro, Alberto Vaquina, avulta como a novíssima aposta para a sua sucessão.

Argumentam que Vaquina assegura, de forma eficaz, uma estratégia de manutenção do poder nas mãos de Armando Gubueza, mesmo que este não ocupe o cargo mais alto de Moçambique.

Segundo estes meios de informação, em caso de vitória da FRELIMO, em 2014, o próximo chefe de Estado poderá ficar subordinado à direção do partido, liderado por Armando Guebuza.

Autor: Leonel Matias (Maputo)
Edição: Glória Sousa/Renate Krieger